A mudança de ano traz consigo sonhos, esperança, renovação e sobretudo um desejo de ser melhor. As pessoas sempre costumam fazer seus propósitos em todas as áreas: financeira, familiar, profissional e espiritual. Mas se a mudança não for no interior, apenas no exterior, poucas coisas serão modificadas. Porém, as pessoas traçam metas para enfrentar o ano novo, mas a mudança não é tão simples assim. Normalmente estamos habilitados com as rotinas, e mudar implicar sair da mesmice, é necessário aceitar o que vem, sem perder sua essência e sua genuinidade. Como dizia o filósofo pré-socrático Heráclito de Éfeso: “A única constante é a mudança”.
As pessoas oscilam muito, nesse sentido é necessário ter posicionamento, ter decisão e ter coragem de mudar, não mudar por mudar, mas transformar o que é ruim em cada um de nós: ciúme, inveja, espírito de competição, a desvalorização de trabalhos anteriores. Entrando um pouco na esfera religiosa, me recordo de quando Deus apareceu em sonho a Salomão, dizendo que ele poderia pedir o que desejasse, Salomão não pede as coisas de vaidades: poder, dinheiro, grandeza e soberania. No entanto, suplica a Deus um coração puro, uma mente brilhante e sobretudo o dom do discernimento para escolher entre o bem e o mal. O pedido de Salomão agradou ao Senhor, pois o Autor Divino não compraz com os desejos orgulhosos e soberbos.
Falar em mudança, tem um texto belíssimo do filósofo clássico Platão, o Mito da Caverna, que demonstra homens que já estava condicionados à mesma rotina e não procuravam crescer, ver outro mundo, completar o sol, que é a verdade, uma luz que ilumina a razão humana. O Mito da Caverna é uma metáfora criada pelo filósofo grego Platão. A história é uma tentativa de explicar a condição de ignorância em que vivem os seres humanos, aprisionados pelos sentidos e os preconceitos que impedem o conhecimento da verdade e desenvolvimento pessoal. Também conhecida como Alegoria da Caverna ou Caverna de Platão, esta história está presente no Livro VII da obra A República. O texto é uma série de diálogos escritos por Platão sobre o conhecimento, a linguagem e a educação para a construção de um Estado ideal.
O Mito da Caverna é um dos textos filosóficos mais debatidos e conhecidos pela humanidade. Nele, estão as bases do pensamento platônico, o conceito de senso comum em oposição ao senso crítico e à busca pelo conhecimento verdadeiro.
A vida dentro da caverna representa o mundo sensível, aquele experimentado a partir dos sentidos, onde reside a falsa percepção da realidade.
Enquanto a saída da caverna representa a busca pela verdade, o chamado mundo inteligível, alcançado apenas pelo uso da razão e por aqueles que buscam evoluir. Como dizia Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Por fim, a mudança não pode ser um mero desejo, mas um profundo anseio de ser uma criatura nova, um homem do bem, um ser humano aberto para aquilo que lhe faz crescer, que o faz mais fecundo e mais frutífero. Apresento agora quatro pontos para nos ajudar alcançar a felicidade, na realidade, quatro relacionamentos:
1 – Com Deus (Através da oração, que é o alimento da alma).
2 – Com o próximo (Por meio da caridade, que é a escada para o paraíso).
3 – Conosco mesmo (Via disciplina e autodomínio)
4 – Com a natureza (Cuidando e protegendo).
Finalizo com essas palavras: “É preciso um coração novo para acolher a novidade de Deus”.
PE. ELDINEI CARNEIRO
É natural de Santa Rosa do Tocantins, mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Universidade Laeteranense (Academia Afonsiana – Roma), mestrando em Direito Canônico pelo Instituto Superiores de Direito Canônico de Goiânia-GO, graduado em Filosofia, Teologia (Centro de Estudos Superiores Mater Dei de Palmas – TO/Seminário Divino Espírito Santo) e Direito (Unirg – Universidade de Gurupi- TO), sacerdote da Diocese de Porto Nacional-TO, Vigário Forâneo da Forania de Porto Nacional-TO e Pároco da Catedral de Nossa Senhora das Mercês de Porto Nacional-TO. É ainda membro da Academia Gurupiense de Letras (AGL). É assessor do Regional Norte 3 da CNBB (Campanhas e Comunicação) e Coordenador Diocesano de Pastoral.