Ainda existem alguns que duvidam da afirmação de que o poeta é um profeta dos sentimentos e que na aguçada forma de encarar o dia a dia, consegue transformar os acontecimentos em frases, poemas ou canções tão realistas que a própria contemporaneidade se assusta com a clareza da exposição e dureza das críticas.
[bs-quote quote=”Tudo isso leva-nos a quase desistir e fazer o que fez um meu compadre que juntou as bagagens e mudou-se para Portugal. Mas sou ainda um persistente e acredito no futuro e com a certeza de que a mudança que resguardará as futuras gerações está em nossas mãos. Nunca é tarde” style=”default” align=”right” author_name=”JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA” author_job=”É poeta, escritor e advogado” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/03/JoseCandido-PovoaNova60.png”][/bs-quote]
O título deste artigo, que tomo como empréstimo do poema-canção do compositor e cantor Renato Russo, que há anos assim se expressou: “Que País é esse / Nas favelas, no senado / Sujeira pra todo lado / Ninguém respeita a constituição / Mas todos acreditam no futuro da nação / Que país é esse? / Que país é esse? / No Amazonas / E no Araguaia / Na Baixada Fluminense / No Mato grosso / E nas Gerais / E no Nordeste tudo em paz /Na morte eu descanso / Mas o sangue anda solto / Manchando os papéis / Documentos fiéis /Ao descanso do patrão / Que país é esse? / Que país é esse / Terceiro mundo se for / Piada no exterior / Mas o Brasil vai ficar rico / Vamos faturar um milhão / Quando vendermos todas as almas / Dos nossos índios num leilão / Que país é esse? / Que país é esse? / Que país é esse?”
Acreditei, até certo tempo atrás, terem sido superadas as interrogações e afirmações contidas na letra acima transcrita, mas, infeliz e tristemente, constato que nunca foi tão atual, para não dizer que muito mais foi acrescentado na decepção e indignação contida no coração e no olhar de lince que aquele poeta que um dia nos legou o fiel retrato do dia a dia daquela época. Basta um pouco de atenção para com os acontecimentos atuais para constatarmos esse fato.
Quando assistimos a disputa entre poderes e poderosos. Autoridades que deveriam se dar ao respeito, mas em busca de salvar a própria pele de evidentes crimes cometidos, saem atacando as pessoas de forma vil, desrespeitando a consciência e a formação cristã de uma nação. Tentam desqualificar as pessoas por escancararem a verdade tão evidente aos olhos de todos, das câmeras de TV e demais meios de comunicação. Políticos acusados de corrupção deslavada, ditando normas e tentando apontar rumos para o Brasil. Somos obrigados a assistir, perplexos, poderes constituídos solicitando o retorno de criminosos de alta periculosidade para seus domicílios, a pretexto de cumprimento da Lei, esquecendo-se que a sociedade e as família são muito mais importantes que esse emaranhado de códigos disfarçados de éticos e moralizadores.
Quando assistimos uma Suprema Corte, a pretexto de salvaguardar o caixa de um governo corrupto, decidir que os vilipendiados aposentados não têm direito às correções nas aviltadas aposentadorias, estabelecendo como ilegal a desaposentação e carreando milhões e milhões de reais para os cofres do governo, enquanto os mesmos assistem, sem terem a quem recorrer, seu suado dinheiro recolhido para o governo durante anos e anos, pagando pensões a ex-guerrilheiros, cujos valores superam em muito as minguadas aposentadorias.
Quando vemos um legislativo calar-se diante dos fatos acima descritos e tantas outras aberrações, que se aqui forem descritas, consumiríamos folhas e folhas de papel. Um grande exemplo disso tudo culminou com a aprovação de um fundo de campanha constituído de bilhões de reais. Para se ter uma ideia, só no primeiro turno das eleições, os candidatos tiveram R$ 2,82 bilhões em receita, dos quais R$ 2,06 bilhões, ou seja, 73% saídos dos cofres públicos, dos fundos partidários e eleitoral. E esses valores ainda irão aumentar em vista do 2º turno para a Presidência da República e de 13 Governadores de Estado e Distrito Federal.
Tudo isso leva-nos a quase desistir e fazer o que fez um meu compadre que juntou as bagagens e mudou-se para Portugal. Mas sou ainda um persistente e acredito no futuro (seria um mal ou bem do poeta?) e com a certeza de que a mudança que resguardará as futuras gerações está em nossas mãos. Nunca é tarde.
E assim por diante… A oportunidade é agora ou nunca. Ou mudamos o Brasil ou o Brasil, a continuar no ritmo atual, será completamente destruído em seus valores éticos, morais e de família, algo que já vem ocorrendo há muito e por tantos despercebido, pois tudo vem mascarado pela falácia daqueles que querem manter o poder pelo poder, tão somente.
O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos!
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
Poeta, escritor e advogado. Membro fundador da Academia de Letras de Dianópolis (GO/TO)
jc.povoa@uol.com.br