Falar sobre sexo ainda é um enorme tabu para a nossa sociedade. Imagine para as pessoas com deficiência, tanto que o tema precisou ser previsto em lei (n° 13.146/15), no Estatuto da Pessoa com Deficiência, conhecida como a Lei Brasileira de Inclusão, onde Estado, sociedade e a família são citados em um dos artigos para assegurar esse direito.
A maioria das pessoas acha que a pessoa com deficiência não faz sexo, além de vários preconceitos que não existem, ou poucas o conhecem. Conheço cadeirantes que — vale ressaltar, são os que mais sofrem quando o assunto é sexo — têm uma vida ativa sexualmente, mas enfrentam uma grande barreira imposta pela sociedade, que esquece que o desejo vem da cabeça, ou seja, do cérebro.
Muitos não se limitam à mobilidade, porque o corpo passou a reagir a emoções e sensações de forma diferente. Ouvir que a pessoa com deficiência não pratica sexo chega a ser dolorido. Em uma fase da minha vida já cheguei a sofrer com isso — e olha que meu problema é apenas surdez — porque é cultural as pessoas quererem nos tratar como “coitadinhos”.
O desejo e a vontade de estar com alguém começam sempre com a cabeça, como já falei lá atrás, mas é bom repetir isso sempre, independente do que a pessoa seja, deficiente ou não. Mas insistem em querer nos mostrar que não temos esse sentimento.
Portanto, as pessoas, ou a maioria delas, nos veem como pessoas com corpos que não foram feito para a sexualidade, para sentir prazer, tesão, e que não pode ser tocado. Ledo engano, as pessoas com deficiência têm sentimentos como qualquer outro e estão prontas para amar e serem amadas. Aliás, devem ser.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
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