Muitas famílias desconhecem a Lei Brasileira de Inclusão e o Estatuto da Pessoa com Deficiência, para que cobrar seus direitos. Essa lei estabelece pena de reclusão a quem negar matrícula para pessoa com deficiência.
Infelizmente as escolas regulares pregam uma “falsa inclusão”, não investem em qualificação de profissionais e divulgam que as escolas são acessíveis quando não têm nada de acessível. Educação inclusiva é um modelo que atende melhor a todos, porém, é válido ressaltar que a educação especial é uma área do conhecimento embasada nos preceitos da educação inclusiva. Por isso, se fortalecem e a prática inclusiva depende muito mais do professor do que da instituição.
A metodologia não precisa ser diferente, caso seja pensada de forma inclusiva, salvo raríssimas exceções. Se o conteúdo for pensado para ser inclusivo, levando-se em consideração as subjetividades das pessoas presentes na sala de aula, todas irão aprender. A educação inclusiva nas escolas regulares, na prática, é excludente, não promove uma inclusão genuína, não há investimentos para que ela se desenvolva e funcione adequadamente.
Diversos amigos e amigas com quem converso diariamente já viram de perto a educação excludente, a educação “especial” e a educação inclusiva. E posso afirmar, por experiência própria, que a educação dita “especial” é nada mais que um repositório de pessoas com deficiência e as mais variadas demandas. A maioria do tempo que ficamos lá, tivemos foi uma recreação, menos ensino. Na minha humilde opinião de quem já viveu isso tudo de perto, a “escola especial” é para raríssimos casos, quando a pessoa já passou da idade escolar. O restante funciona com reforço escolar e inclusão. Todo mundo só cresce com uma sala de aula diversa.
No processo de inclusão, de fato, é preciso ter o processo de incluir. É muito desafiador, mas é um direito das nossas crianças e adolescentes interagir com seus pares. É importante levarmos para a sala de aula regular atividades que facilitem o acesso do aluno público à Educação Especial e também beneficie todos os demais.
Eu mesmo, sendo uma pessoa com deficiência, tive a sorte de estudar a vida toda em escolas regulares públicas (sim, sorte, pois sei como é difícil para pessoas como nós serem aceitas nesses espaços), com professores incríveis, embora algumas situações capacitistas com colegas. Sempre achei essa coisa de ensino/escola especial muito bizarra. A gente vem aprendendo tanto que não é certo fazer separação de raças, orientação sexual, gêneros, classes sociais… Por que está tudo bem em separar pessoas com deficiência das sem deficiência? É como se a nossa vida valesse menos.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
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