Quero não acreditar que no Decreto n° 10.502/20, da Presidência da República, esteja prevista uma segregação, ou seja, afastamento, separação das pessoas com deficiência nas escolas.
Vejam só, essa nova norma desobriga a escola de matricular pessoas com deficiência e permite que volte o ensino regular em escolas especializadas. Isso, para bom entendedor, não é e nunca foi educação inclusiva. Eu, por exemplo, fui alfabetizado junto com todos os demais, deficientes ou não. E se não tivesse sido assim, jamais eu seria o que sou hoje, apenas para citar um exemplo claro e necessário.
Essa é mais uma forma de exclusão promovida pelo atual governo.
Poderia disponibilizar professores com didáticas diferenciadas para aqueles que precisassem, pois professores com formação regular dificilmente darão a atenção necessária às crianças com deficiência. Ademais, há casos em que o grau e o tipo de deficiência exigem apenas algumas adaptações físicas nas escolas e alguns cuidados específicos.
Mais uma vez o presidente da República Jair Messias Bolsonaro lança um decreto sem ouvir as pessoas com deficiência e as entidades representativas.
Se formos realmente refletir sobre o que é melhor para as pessoas com deficiência, nada mais justo que deixar que nós e nossos pais opinemos sobre o que é melhor para nossa educação, como minha família fez no passado. Ou seja, a decisão final sobre esse tipo de diretriz deve ser tomada ouvindo-se os pais e os alunos com deficiência, e não de maneira isolada por um governo que nos mostra a cada dia que, aparentemente, a bandeira que gosta de levantar é a da exclusão.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
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