Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde – PNS fez um panorama da pessoas com deficiência no Brasil, colocando também as pessoas com deficiência auditiva, suas formas de se comunicar e interagir com a sociedade, o meio onde vive. Podemos constatar que nossa língua oficial é o português e a maioria dos surdos não fala e nem entende Libras ( Língua Brasileira de Sinais). Logo, a fala de que todo surdo usa Libras para se comunicar é mito, ou seja, surdez não é sinônimo de Libras.
Trazer esse tipo informação às pessoas surdas ou não faz com que os surdos oralizados ou os surdos que falam e os que são tratados com indiferença, sejam também incluídos nas diversas formas de acessibilidade como, por exemplo, nos vídeos, nas TVs e no cinema. Existe sempre a necessidade e a obrigação de legendas para fazer a descrição.
As legendas ajudam os estrangeiros a dominar bem nossa língua. Mas temos os autistas, as pessoas mais velhas que não ouvem bem, porque contraíram a surdez ao longo da vida e usou a língua portuguesa como sua língua prioritária, e outros tipos de pessoas surdas, porque a surdez é diversa e há diversos tipos de surdos em nosso meio e, acreditem, a maioria tem vergonha de se autodeclarar surdo e prefere esconder das pessoas com medo do preconceitos e discriminação que irão sofrer.
Há diversos surdos que, como eu, fizeram uso por muito tempo da leitura labial, porque aprenderam a língua portuguesa escrita e falada.
A Libras não é a principal, assim como para muitos outros tipos de surdos, é opcional e nunca poderá ser imposta de forma obrigatória
Talvez seja por isso que chamam muitos de “surdo-mudo” por não terem o português como língua oficial. Qualquer brasileiro que não saiba ler e escrever corretamente em língua portuguesa é considerado analfabeto e enfrenta todo tipo de barreira e preconceito, seja surdo ou não!
O surdo usuário de Libras que não sabe ler e escrever corretamente em português não quer o rótulo de analfabeto, com a desculpa de que sabe Libras.
O surdo oralizado também é surdo e não há porque comparar com “surdo de verdade”. Está aí mais uma dificuldade de quebrar o paradigma que nem todo tipo de surdo usa Libras.
AGNALDO QUINTINO
É administrador, empreendedor educacional, palestrante, gago, surdo e feliz
quintino153@gmail.com