O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Tocantins (Sintet), José Roque Santiago, afirmou que a categoria já debate a proposta apresentada pelo governo estadual nesta quinta-feira, 4, para o retorno das atividades escolares, mas à Coluna do CT adiantou que a entidade é contrária a retomada das aulas.
Sem estrutura
Em breve conversa com a coluna, José Roque Santiago argumenta que a Secretaria de Estado da Educação, Juventude e Esportes (Seduc) não levou em consideração a realidade da comunidade escolar. “Somos contrários ao retorno às aulas porque não tem as estruturas devidas e necessárias para tal. Mais de 50%, mais de 70%, dos nossos alunos não tem computadores, um celular que comporte este tipo de atividade, não tem acesso à internet”, critica sobre as aulas não presenciais.
Somos a favor da vida
Mesmo com retorno das atividades presenciais previsto somente para agosto, José Roque ainda assim vê risco na programação apresentada pelo governo. “No retorno das aulas a aglomeração é capaz de trazer a ceifação de muitas vidas. A gestão só vai tomar providência depois que morrer muita gente? É isto que a secretária está propondo? Somos a favor da vida. O governo está na contramão da defesa da vida das pessoas”, emenda.
Pior está por vir
O Sintet também enviou nota à imprensa para reforçar a defesa das aulas somente em um cenário de “total segurança”, em especial por constatar que as autoridades em saúde alertam que “o pior ainda estar por vir”. “O retorno gradual de forma híbrida (presencial e remota), como quer a Seduc, ainda não foi testado em nenhum estado da federação e põe em risco a saúde dos alunos e dos profissionais”, diz a nota.
Alunos restarão prejudicados
A nota também alerta para a realidade dos alunos tocantinense. “O ensino a distância mediado ou não por tecnologias cria uma série de desafios de infraestrutura e operacionais tendo em vista assegurar o acesso aos conteúdos e a aprendizagem a todos os estudantes como preconiza a Constituição. Muitos alunos restarão prejudicados, pois um dos temas centrais em debate são as desigualdades que permeiam esse processo”, reforça.
Confira a íntegra da nota:
“NOTA DO SINTET SOBRE PROPOSTA DA SEDUC DE VOLTA ÀS AULAS NA REDE ESTADUAL
Em defesa da vida, Sintet se posiciona contrário à proposta
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado do Tocantins (Sintet), após a divulgação por parte da Secretaria Estadual de Educação (SEDUC) sobre a proposta de retorno parcial das aulas, o sindicato se posiciona totalmente em desfavor da medida nesse momento em que a curva de infecção pelo novo coronavírus no Estado e em Palmas é ascendente, com várias mortes registradas todos os dias e com os números só aumentando.
Entendemos que o retorno às aulas presenciais só poderia ocorrer com total segurança, sobretudo nesse momento crucial em que as autoridades em saúde alertam que o pior ainda estar por vir.
Além disso, o retorno gradual de forma híbrida (presencial e remota), como quer a SEDUC, ainda não foi testado em nenhum estado da federação e põe em risco a saúde dos alunos e dos profissionais. A secretária afirma que se der problema suspende, reavalia, ou seja, vai esperar morrer gente?
A vida humana não é prioridade para o governo?
O ensino a distância mediado ou não por tecnologias cria uma série de desafios de infraestrutura e operacionais tendo em vista assegurar o acesso aos conteúdos e a aprendizagem a todos os estudantes como preconiza a Constituição. Muitos alunos restarão prejudicados, pois um dos temas centrais em debate são as desigualdades que permeiam esse processo: a falta de internet de qualidade em muitas localidades e as dificuldades das famílias para dar o suporte necessário ao estudo dos filhos são alguns dos desafios. Assim, vemos que a proposta não atende os princípios da qualidade e equidade no ensino e poderá aumentar ainda mais os casos de COVID- 19 no Estado ou atrapalhar a quarentena dos moradores dos municípios que ainda não apresentaram nenhum caso da doença até o momento.
Outro ponto da proposta é o “sistema de créditos” a ser implantado para o ensino fundamental, que poderá sobrecarregar ainda mais os professores e não foi bem explicado.
Assim, o sindicato já fez pedido de providências junto ao Ministério Público, inclusive para os municípios, e tomará as medidas judiciais cabíveis para reverter a proposta e até mesmo, caso futuramente seja necessário buscar a responsabilização dos agentes públicos, caso profissionais sejam infectados.
Palmas/TO, 05 de junho de 2020.
José Roque Rodrigues Santiago
Presidente”