Abra os olhos! Abra os olhos! Não só os olhos do corpo, mas também os olhos da alma. No corre-corre do dia-a-dia, muitas vezes se olha, mas não se vê e nem se percebe quase nada.
Hoje observamos muito pouco, não nos atemos aos detalhes e estabelecemos poucas relações. A cada dia, temos menos consciência de nós mesmos e do que nos cerca. Vivemos, quase sempre, superficialmente. Não nos importamos com o que está perto, nem tão pouco com o que está além de nós. Coisas surpreendentes podem estar acontecendo sem, ao menos, nos darmos conta.
[bs-quote quote=”Quando nos afastamos sensitivamente das coisas e das pessoas, temos dificuldade de compreender a nós próprios, de convivermos com as adversidades e de nos adaptarmos melhor no mundo em que vivemos” style=”default” align=”right” author_name=”NILMAR RUIZ” author_job=”É escritora e palestrante” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/12/NilmarRuiz60.jpg”][/bs-quote]
Só quem tem um senso de observação aguçado percebe o que é inusitado ou improvável, mas que pode acontecer. Expandir a percepção, a sensibilidade e a consciência, é fundamental na busca do auto-conhecimento, do equilíbrio e dos relacionamentos saudáveis.
Quantas vezes, nesses últimos meses, você parou para observar as cores do céu? Para ouvir o canto dos pássaros? A corredeira do rio? O balanço das folhas? Quantas vezes fechou os olhos para perceber o som do silêncio? Das batidas do seu coração? Quantas vezes prestou atenção nos seus pensamentos e nas suas emoções? Quantas vezes parou para perceber atenciosamente o outro? A ouvir realmente o que está sendo expressado? A reconhecer o sentimento e a emoção do momento? A ver, ouvir, compreender, sentir e ser?
Quando nos afastamos sensitivamente das coisas e das pessoas, temos dificuldade de compreender a nós próprios, de convivermos com as adversidades e de nos adaptarmos melhor no mundo em que vivemos.
E não é só ver e ouvir. Percebe-se com todos os sentidos. E é vital lembrar que o tecido epidérmico vem da mesma camada embrionária do sistema nervoso e por isso o toque na pele é tão necessário, e indispensável, para a maturação do sistema nervoso. O abraço, o afago, o beijo… são remédios para a saúde do corpo e da mente . É através do carinho que se dá a entender ao outro, que se importa por ele existir. O olhar terno, o falar suave, a carícia… são essenciais para o equilíbrio. Porém, infelizmente, a nossa sociedade é carente de afeto.
Os preconceitos, os tabus e os hábitos culturais fazem com que os contatos físicos sejam extremamente limitados. Há casal que mora na mesma casa e dorme na mesma cama, mas mal se toca, mal se fala, mal se olha. Lembrando que relação afetiva é diferente de relação sexual. Pai que não faz carinho no filho, porque aprendeu que carinho não é coisa de homem. Mãe que pega pouco o bebê no colo, porque não quer que ele fique dengoso e mal acostumado. Amigos que não se acariciam, por acharem que serão mal interpretados… Muitas barreiras ainda precisam ser derrubadas, até que os seres humanos entendam e aceitem o carinho como um alimento indispensável a vida.
Porém, muitas vezes, não nos atentamos nem a nós mesmos. Não percebemos nem como estamos. A observação interior e a percepção dos sinais que nosso corpo emite, também são fundamentais para o nosso bem estar, para que as mudanças de paradigmas ocorram e para que a forma de agir e de conviver sejam mais saudáveis. E o nosso corpo às vezes “grita”. Ele nos mostra quando ultrapassamos nossos limites, quando excedemos a nossa capacidade de suportar. O sono desaparece ou vem em excesso. A fome fica descontrolada. E a dor aparece por todo lado… O Corpo Fala, como diz Pierre Wail em seu livro, é só aprender a ouvi-lo. E voltar-se para dentro de si é fundamental para o nosso equilíbrio e para a nossa felicidade.
A observação cuidadosa de nós mesmos, do que está a nossa volta e além de nós, e das outras pessoas, leva ao ponto central das coisas, a perceber o nexo existente entre elas e, principalmente, de como se relacionar prazerosamente com o universo.
Os olhos bem abertos, os ouvidos atentos e o coração disponível abrem para uma nova perspectiva diante do mundo e da vida.
Deus nos deu olhos para enxergar. Nariz para cheirar. Boca para falar. Ouvidos para escutar. Mãos para afagar. E cérebro e coração para observar, perceber, pensar, sentir…Vamos usar?
NILMAR GAVINO RUIZ
É professora, ex-secretária da educação, ex-prefeita de Palmas e ex-deputada federal. É co-autora da ARH – Auto Reprogramação Humana – e palestrante.
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