Era uma vez…
Um país de gente alegre, mestiça, simples e esperançosa. Na época, noventa milhões em ação, inocentes a encantarem-se com praias ensolaradas; a “Terra que Deus abençoou”. Canções com declaração de amor. “Ninguém segura a juventude” daquele País fictício. Prá “frente” Brasil!
Aquele Reino ufanista de “Reis mal coroados”, por saberem que não iam ser amados, durou uma noite sombria de duas décadas até a casa ruir; porém preservou o silêncio dos seus porões e a escuridão de meandros casernistas.
“Anistia ampla, geral e irrestrita”. Tudo perdoado.
Agora, bastava uma Assembleia Constituinte para urdir a Constituição “Cidadã”. Pronto! “A Nação quer mudar. A Nação deve mudar. A Nação vai mudar”, entoava Ulisses. “Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, para o exílio e para o cemitério” (grifo meu) era trair a Constituição e, por consequência, trair a Nação, entoava o brado bandeirante Presidente da Assembleia Constituinte. Ele também não foi corado, pensava, erroneamente, que com a democracia seria amado.
Cinco décadas depois da Nação ufanista e do Brasil ficcionista, o país enlutado contabiliza a perda de milhões de patriotas e recolhem corpos nos sacos pretos, em câmaras frias de caminhões ou containers, sejam de ricos ou de pobres.
Era uma vez….mas parece que o enredo nunca vai acabar, esqueletos aloprados ressurgiram dos porões e, como os direitos continuam para poucos, a prática pragmatista e arcaica da política do “toma lá, dá cá” ressurgiu como tsunami, enrustido no pomposo título de Centrão.
O tal “messias” reconhece que não é DEUS, mas seu ego lhe traí. Sua ação negacionista transvestiu a ficção da Pátria amada, infelizmente, na pária do mundo.
Aquela juventude, que ninguém segurava, transformou-se na geração “nem, nem”. De celular, mas sem escola, sem trabalho ou sem oportunidades, se quer sonha, apenas espera…espera…e espera. Quem sabe um dia ser um jogador de futebol, um Dj ou um Youtuber. Apáticos, assistem a tudo em cima do muro. Em cima do muro, veem seus heróis morrerem de overdose, amigos de infância a ostentarem fuzis na comunidade e seus “inimigos” no poder, mas continuam a clamar que desejam uma “ideologia para viver”, apenas uma ideologia para viver, mesmo que suas piscinas estejam cheias de ratos e as praias menos ensolaradas.
Qual será, e quando virá, o novo brado retumbante? Estamos cansados de ideias fora do lugar.
O Brasil exige respeito. O país pode e merece ser melhor.
EDSON CABRAL
É administrador e membro da Academia Palmense de Letras.
ecabral.to@gmail.com