Estudantes das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio da Escola Estadual Eurico Mota, em Xambioá, participaram, na sexta-feira, 23, de uma aula de campo sobre a Guerrilha do Araguaia, movimento armado de resistência à ditadura militar, ocorrido entre 1967 e 1975. A atividade integrou as disciplinas eletivas História Regional do Tocantins e Cultura Regional e Local.
ORGANIZADA PELO PCdoB
A Guerrilha do Araguaia foi organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) com o objetivo de instaurar um regime socialista no país. O conflito se concentrou na região do Bico do Papagaio, abrangendo também municípios do sul do Pará e do sul do Maranhão. A repressão militar atingiu diretamente a população local, resultando em prisões e torturas de moradores, alguns sem envolvimento com o movimento.
LOCAIS HISTÓRICOS RELACIONADOS AO CONFLITO
Organizada pelo professor de História, Marcos Vinicius Vieira da Silva, e a coordenadora pedagógica, Ediene Tabosa de Barros, a programação pedagógica teve como objetivo proporcionar aos estudantes contato direto com os locais históricos relacionados ao conflito.
VISITARAM O MEMORIAL DO ARAGUAIA
Os estudantes visitaram o Memorial do Araguaia, espaço dedicado à preservação da memória dos mortos e desaparecidos políticos da região, e o Cemitério São João Paulo II, onde ocorreram buscas por restos mortais de desaparecidos políticos. No local, foi localizada, em 1991, a ossada de Maria Lúcia Petit, militante do PCdoB, professora e ativista pelos direitos das mulheres, morta em combate em 1972.
PISTA DE POUSO DE XAMBIOÁ
As turmas visitaram ainda a pista de pouso de Xambioá, utilizada durante o período como base militar estratégica das Forças Armadas para repressão à guerrilha. O espaço funcionou como centro logístico e operacional, além de local para prisões e torturas. A presença militar provocou mudanças significativas na rotina da cidade, gerando medo e desconfiança entre os moradores.
AMPLIAR O CONHECIMENTO SOBRE O TEMA
Os alunos destacaram a importância da iniciativa. Para Rafaela Arruda, da 2ª série, a aula foi relevante para ampliar o conhecimento sobre o tema. “A aula de campo foi muito importante para o conhecimento de um fato tão recente da história do país e muito pouco falado nas escolas. Aprendemos muito com a fala do professor Paulo Lucena, em que explanou com muita clareza e riqueza de conhecimento sobre o assunto”, enfatizou.
CONHECER A HISTÓRIA LOCAL
Kevin Gustavo, da 3ª série, ressaltou a necessidade de conhecer a história local, especialmente por viverem em uma região diretamente afetada pelos eventos. “Precisamos conhecer com mais profundidade esse assunto. Percebi que a ditadura militar foi muito cruel com uma parte da população brasileira. Visitamos vários lugares aqui em nossa cidade e cada um conta um pouco dessa história. Vejo que esse assunto precisa estar dentro da escola, principalmente para nós, estudante do Tocantins, e que moramos na região onde aconteceu o conflito”, ponderou.
ESCLARECERAM DÚVIDAS SOBRE OS FATOS HISTÓRICOS
Durante o encontro, os estudantes debateram e esclareceram dúvidas sobre os fatos históricos. A atividade foi concluída com uma roda de conversa realizada na orla central da cidade, mediada pelo professor Paulo César Lucena de Sousa, diretor da escola e pesquisador da história da Guerrilha do Araguaia. Segundo ele, a proposta da atividade buscou reforçar o aprendizado sobre a história regional e estimular a reflexão crítica dos estudantes sobre episódios significativos da memória local.


