“Lançado com algum atraso e enorme ansiedade da comunidade científica internacional, o sofisticado telescópio James Webb subiu ao espaço na véspera do último Natal, com a missão de substituir o Hubble. O novo super telescópio, empreendimento de bilhões de dólares, tem duração prevista para oito anos e poderá fotografar galáxias extremamente longínquas, ofertando aos pesquisadores estudos e possibilidades jamais vistas em qualquer outra época.
Sem sombra de dúvidas, um marco grandioso da cerebração humana no desvendamento da chamada última fronteira. Enquanto a maravilha tecnológica busca seu ponto no espaço para começar seu olhar devassador sobre os astros distantes, as lutas terrestres prosseguem desafiadoras.
Para milhões, o olhar não consegue se erguer para os céus e sim para as ocorrências do cotidiano. Não obstante tanto trigo, falta pão na mesa de incontáveis pessoas. Mercados abarrotados de gêneros de primeira necessidade e estômagos vazios, atormentados pela fome. O desemprego, que maltrata multidões de homens e mulheres em idade útil para os trabalhos profissionais.
A pandemia, sob regência de uma nova cepa, prossegue contaminando muitos e ceifando vidas, espalhando medo e horror. Movimentações militares em alguns pontos do planeta atestam a belicosidade da criatura humana, que ignora as imensas carências desses dias, investindo em armas sofisticadas para ameaçar seus supostos adversários, ignorando que seu maior inimigo é o ego prepotente e tirânico. Menosprezando milhares de séculos de cultura e estudos nobres, ainda se vê o homem de braços dados com sua inferioridade moral, espalhando a desesperança e a inquietação, conquanto se ufane das notáveis conquistas cibernéticas com que tenta devassar o infinito, esquecendo que permanece um desconhecido para si mesmo.
Escolas silenciosas, universidades fechadas, bibliotecas vazias, discussões adiadas por tempo indeterminado. O momento dramático ainda impõe restrições que inibem as conversas em torno das reais necessidades da criatura humana, qual seja sua ânsia por paz, sua fome de Deus e suas buscas pela felicidade, que lhe parece cada dia mais distantes.
Não lograda no dinheiro farto nem nas comodidades tecnológicas de última geração, anotamos a ansiedade galopando muitas vidas, a depressão ceifando muitas existências e a inquietação apagando a frágil lâmpada da esperança nos corações amedrontados.
Certamente que não nos move qualquer execração à expansão das fronteiras do conhecimento científico, importante para que o homem investigue sua origem na borda da galáxia onde tem morada, mas o tempo da grande transição criou bolsões de vazios existenciais, onde milhões estão sendo tragados para o nada.
São os que perderam a fé e permanecem como mortos-vivos que ainda respiram. Os famosos, influentes e mandões da ignorância, a espalhar o medo entre os fragilizados. Os construtores da discórdia, a erguerem edifícios de intolerância e fanatismo, onde buscam aprisionar irmãos de jornada. Os déspotas da economia, a manipularem o mercado de capitais, atentos aos próprios interesses criminosos.
Os políticos indignos, que subiram o pedestal do destaque transitório não para servir ao povo que os elegeu, mas sim para darem vazão aos seus projetos sombrios de dominação arbitrária das massas em desespero. Os cultores da mídia escandalosa, que por detrás das câmeras e das redes sociais, insuflam informação mentirosa e promovem a estagnação da verdade.
São enfermos que a covid-19 esqueceu de atingir, pois que se imunes ao vírus destruidor, se deixaram contaminar pela empáfia e arrogância, que lhes adoeceu profundamente a alma. Se julgam acima das leis vigentes, esquecendo de que num futuro não muito distante terão que acertar contas com a contabilidade divina.
Seja para eles, os equivocados e desertores das Excelsas Ordenações, seja para nós outros, veio Jesus nos despertar para os reais valores da vida.
Avarentos, temos acumulado tudo aquilo que vai ficar. Amontoamos coisas que o tempo vai reduzir a pó. Dominaremos a muitos, incapazes do próprio domínio. Somente Suas palavras nunca passaram e não desaparecerão no olvido dos tímpanos ingratos. Sua mensagem continua arrebatando corações. Sua história comove gerações. Seu convite permanece qual sentinela viva há vinte séculos: “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei! Tende fé, tende esperança! Eu venci o mundo! Olhai os lírios do campo. Sede o sal da terra, o fermento da massa.” Palavras de vida eterna…Para onde vais, peregrino das estrelas? Em te faltando um caminho, localiza no chão do mundo as pegadas luminosas que Ele deixou, quais sulcos de claridade inapagável, indicando a direção certa e nunca mais te perderás nas veredas da vida.”
Texto psicografado pelo Médium Marcel Mariano na cidade de Juazeiro no dia 04 próximo passado. Como espiritualista convicto, aqui o transcrevi por entender tratar-se de mais um conteúdo que nos leva a reflexões e por conter verdades insofismáveis.
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com