Conforme escrevi no meu último artigo intitulado “Nós, apenas humanos”, publicado neste mesmo espaço que, benevolentemente, nos concede a oportunidade de tratar de temas diferenciados e, acima de tudo, sobre a espiritualidade, em especial fundamentados numa doutrina puramente espiritual, que pelo menos para mim, de certo tempo para cá, tem-me dado respostas que há muito procurava e mesmo porque é o básico entendermos que a nossa vida material e física seria impossível existir sem algo transcendental e que está acima do nosso entendimento puramente humano.
Entendo, agora, que é só na espiritualidade que podemos encontrar, despertar e preservar a virtude da fé, do acreditar no que não se vê, mas se sente. Que a despeito de possuirmos essa virtude, muitos a desconhecem de propósito ou têm medo de fazê-la despertar. Se para muitos, também, possa tratar-se de uma questão corriqueira, para outros tantos é muito séria, mas que anda esquecida nos últimos tempos.
Para falarmos sobe a fé, necessário se faz, em primeiro lugar, que saibamos separar a fé cega da fé racional.
Partindo do princípio da religiosidade, a fé consiste em acreditar em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus parâmetros para a fé. Podendo ser ela cega ou raciocinada.
Não aprofundando na busca dos fenômenos e nada examinando, a fé cega aceita quase tudo, sem a devida verificação, confundindo o verdadeiro com o falso, e este a cada passo se depara com a evidência e razão. A fé quando em excesso, leva ao fanatismo, exatamente por estar apoiada em erros ou mesmo na ingenuidade, o que mais cedo ou mais tarde tende a desmoronar e decepcionar.
Somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes e da ciência, dado que é verdadeira tanto na obscuridade, como à meia luz ou luz plena.
Diz-se que a fé não se prescreve, o que resulta em muita gente alegar que não tem culpa por não ter fé. Com certeza a fé não se prescreve ou menos ainda se impõe. Não, ela se adquire e ninguém está impedido de possuí-la, nem mesmo os mais avessos a essa afirmação. Mas para isso é necessário procurar pelo menos as verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular ou dogmas criados por interesses de determinados segmentos.
“Nada de melhor desejamos do que crer, mas não podemos.” Muito assim se manifestam, mas sabemos, também, que é dos lábios para fora, pois no íntimo, ao dizerem isso, fecham, em especial os ouvidos e os olhos do espírito.
Não compete a fé nos procurar, mas sim nós é que devemos ir ao seu encontro, e se a buscarmos sinceramente, não deixaremos de encontrá-la.
As provas e evidências estão por todos os lados e no dia a dia de cada um de nós que as vemos, mas que fugimos ou fingimos não as observar, uns por descaso, outros pelo temor de serem forçados a mudarem de hábitos.
Embora pareça algo tão distante, basta descermos da plataforma da arrogância, prepotência, orgulho e vaidade e a encontraremos bem próxima de cada um de nós. Muitos assim não fazem e deixam de reconhecer a existência de uma força superior porque teriam que curvar-se diante dela…(Voltaremos ao assunto).
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com