Quando escrevi este artigo o fiz no início da minha caminhada dos estudos e pesquisas mais aprofundadas sobre o tema Espiritualidade sendo que, agora, completam-se 14(*) anos ininterruptos que continuo em busca de conhecimentos e vejo ainda uma longa trilha a ser percorrida que talvez apenas uma vida terrena não seja suficiente para um completo entendimento.
A despeito do tempo já passado, agora o reproduzo com maior convicção do que quando o escrevi e mais do que nunca insistindo que para um entendimento de forma mais clara de temas como o deste texto, necessário se faz que cada um de nós nos desvencilhemos de conceitos e preconceitos que estão arraigados em cada um por força da própria formação religiosa ou mesmo pelas vicissitudes que a vida apresenta, o que por muitas vezes turvam a visão e a percepção espiritual plena concedida a cada um, indistintamente.
Desde quando me dediquei a buscar verdades lógicas que unem a espiritualidade e as leis físicas, fazendo-o de forma eclética e desvinculada de qualquer dogma religioso, é que comecei entender onde conseguimos encontrar explicações plausíveis para tudo que vivemos, em especial nos exemplos dos instrumentos utilizados pelo Criador, que através dos Espíritos da Luz, guiados por Jesus, nos conduzem à caridade e solidariedade para com os irmãos mais necessitados, fazendo com que concluamos que o espiritualismo é uma ciência e não uma religião.
Vejamos: O número exato de aparições de Jesus é uma questão controversa entre os evangelistas, só não restando dúvidas que ocorreram. Nota-se que todas referências às suas aparições após sua ressurreição: Mateus relata que primeiro Jesus APARECEU às mulheres – Maria Madalena e a outra Maria, sua mãe, e em seguida aos onze discípulos na Galiléia. Segundo o registro de Marcos, Jesus APARECEU primeiro para Maria Madalena, depois para dois discípulos no caminho e finalmente apareceu aos onze Apóstolos.
Para Lucas dois anjos APARECERAM à Maria Madalena, Joana e Maria anunciando a ressurreição de Jesus e elas falaram essas palavras aos onze discípulos e outros que estavam com eles. Posteriormente, Jesus apareceu para dois discípulos no caminho de Emaús, um deles reconhecido por Cléopas. Note-se que Cléopas não fazia parte do grupo dos 12 discípulos chamados por Jesus e que não há outra referência bíblica a Cléopas. Temos somente o marido de Maria que estava junto à cruz e que se chamava Cléopas, podendo se tratar da mesma pessoa. Esses dois discípulos, depois do encontro com Jesus, voltaram para Jerusalém e encontraram os onze reunidos e outros com eles e logo em seguida o próprio Jesus APARECEU no local, para os treze e os outros que ali estavam.
Na versão de João, Jesus APARECEU primeiro para Maria Madalena e mais tarde, no mesmo dia aos discípulos, menos Tomé. Passados oito dias APARECEU novamente aos discípulos que estavam reunidos, com Tomé junto. Finalmente APARECEU outra vez na praia a sete discípulos.
Em Coríntios I, Paulo, que não foi testemunha das APARIÇÕES de Jesus após sua ressurreição, relata que Jesus APARECEU a Cefas (Pedro) e depois aos doze. Depois teria sido visto por mais de quinhentos de uma só vez, alguns ainda vivos na época de Paulo. Em outra ocasião apenas por Tiago e em seguida por todos os apóstolos.
Enfim, como podemos perceber, há divergências nos relatos. O número de discípulos varia em cada um deles. O número onze é o mais recorrente, mas aparecem ainda nos registros Cléopas, seu companheiro e outros não identificados. Complementando, reportemo-nos à passagem em que Jesus, em Espírito, dirigiu-se ao então Saulo e após a conversão, Apóstolo Paulo, que na sua obstinada perseguição aos primeiros cristãos, foi interpelado pelo Espírito do Mestre que lhe disse: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” E ele crendo no que viu e ouviu, nunca mais foi o mesmo e passou a ser de perseguidor a perseguido e chamar-se Paulo.
Como podemos constatar, não existem provas mais contundentes do que as “APARIÇÕES” de Jesus para pessoas que possuíam o dom da vidência, incluindo entre esses os próprios Apóstolos. Tanto é que quando APARECEU para eles quando se encontravam reunidos e escondidos temendo os romanos, dez dos apóstolos, que indubitavelmente possuíam o mesmo dom, constataram se tratar do Mestre, enquanto o Apóstolo Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, que quer dizer “Gêmeo”, quando da manifestação de Jesus para os apóstolos, ali não se encontrava.
Disseram-lhe, então, os outros discípulos: “Vimos o Senhor.” Tomé, que quando seguia Jesus, havia vivido tantos contratempos e acontecimentos que não entendera, já não era o mesmo Tomé crente, mas um Tomé receoso, cuidadoso, atento a todos os pormenores com a sua crítica exigente e que tinha direito a resposta razoável para todas as afirmativas que colocassem em dúvida a sua credibilidade. Deixará de ser um homem pronto a crer e aceitar, e passou a se preocupar em não ser vítima da sua autoilusão, mas aquele que se recusava a crer até no que via. Mas tudo havia se tornado uma ilusão: o Mestre havia morrido, o sonho acabara. E agora vêm os discípulos e lhe dizem: “Vimos o Senhor”, exatamente no dia e hora em que Tomé estava ausente. Estariam os discípulos de Jesus querendo brincar com coisa tão importante e séria? Tomé já havia acreditado demais. Não queria sofrer uma nova desilusão.
Ao ouvir “Vimos o Senhor”, Tomé responde prontamente e com convicção: “Se eu não vir o sinal dos cravos nas suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma acreditarei.” Naquele momento, com certeza, Jesus, Espírito elevadíssimos, sabendo que Tomé não tinha o dom da vidência, concedeu a ele o dom de o sentir pelo toque das mãos, quando teve a oportunidade de constatar a presença do Senhor ressurreto em Espírito materializado. Por acaso existiria outra explicação mais plausível?
Não foi por acaso que o Divino Mestre disse por diversas vezes: “Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
(*)Dia 07/06/2008, foi quando retornei de intercorrência grave durante uma cirurgia e fui parar numa UTI).
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com