Eu era feliz e não sabia. Eis aqui um velho ditado muito popular e, também, muito divulgado e que muitos o adotam. Discordo em gênero, número e grau, pois fui, sou e serei sempre feliz! Justificando minha afirmação esclareço que procurei sempre seguir os ensinamentos dos grandes sábios, dentre eles, Confúcio que 400 a.C. ensinava que aos 15 anos devemos nos dedicar a aprender; aos 30, saber o que aprendemos; aos 40 livrarmos dos preconceitos; aos 50 saber o que é, verdadeiramente o sentido da vida; aos 60 ouvir mais do que falar e aos 70 fazer tudo que o coração pede, mas sem exageros, e, ainda, Cícero que 44 a.C. afirmava que a arte de envelhecer é encontrar o prazer que todas as idades proporcionam, pois todas têm as suas virtudes.
E assim me fiz, faço e farei sempre com convicção, tendo em vista a base e o contexto que vivi desde meu nascimento, infância, adolescência, quando fui feliz e tinha consciência disso. Nasci num lar abençoado, estruturado por um casal sem igual. Mais nove irmãos de pai e mãe e duas irmãs adotivas. Condutas exemplares de todos. União inigualável. Pai e mãe que estavam mais para Anjos protetores do que simples educadores e orientadores. Em nosso lar tivemos tudo que a simplicidade do amor ensina. De material, mais que os nossos desejos pediam. As diárias lições de amor fraternal se superavam a cada dia. A romaria dos desvalidos e humildes, sentindo-se amparados em nossa casa, eram constantes.
Foi naquele lugar que aprendi que quanto mais se dá, mais se recebe. Foi naquele lar de ensinamento de valores morais que vi os humildes serem exaltados e sentarem-se ao nosso lado nos sagrados momentos de refeições.
A maturidade e o estudo sobre a espiritualidade ensinaram-me que as pessoas que a vida colocou em minha trajetória, em especial pais, irmãos, esposa, filhos(a) netas(os), noras, genro e amigos, me levam afirmar que ninguém vem a este mundo por acaso, para o lugar que cada um se encontra.
Somos encaminhados pelo Supremo Criador para onde nos cabe e é nosso, somente nosso. Estamos no lugar certo, sendo tolerados ou na maioria das vezes amados, nessa controvérsia de se querer ou não, pelos amigos e pessoas mais próximas.
Nada é por acaso. Segundo o dicionário, felicidade é o estado de quem é feliz, sentimento de bem-estar e contentamento. A felicidade é associada com o prazer, com os sentimentos e emoções e de acordo com Aristóteles, seria o equilíbrio, a harmonia e a prática do bem.
A felicidade pessoal é um sentimento íntimo e varia de pessoa para pessoa. E, agora, na reta final da corrida desta passageira vida, onde não existe oportunidade de “pit stops” nem curvas, restando somente a bandeirada final, afirmo sem medo de errar que continuo feliz e sonhador por tudo que me foi dado, de acordo com meus merecimentos e que muito ainda será acrescentado.
Portanto, reservemos tempo para nós mesmos, gostemos de nós mesmos. Conectemos com a natureza. Cada um procure sua realidade. Resistamos às intimidações. Que encontremos a felicidade nos pequenos gestos. Invistamos na espiritualidade. Apeguemos aos ensinamentos dos espíritos mais evoluídos que ensinam que quando alguém tentar nos diminuir, alegremos, pois é sinal que crescemos. Procuremos entender que vivemos em um mundo de pessoas cansadas, ocupadas, sem paciência e com pressa e que na maioria das vezes nem mesmo elas sabem o porquê.
Aprendamos a não bater de frente com quem só entende o que o convém. Sejamos bons seres humanos, existem muitas oportunidades nesta área e muito pouca concorrência. Que possamos entender que humildade, coragem e sabedoria cabem em qualquer lugar ou ambiente. Que possamos entender que só colhemos o que plantamos. Que possamos compreender que decepções ferem, mas nos torna mais inteligentes para não criarmos expectativas sobre coisas ou pessoas.
Como afirmava Chico Xavier: “Quando descobrimos que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida, compreendemos a inutilidade do orgulho; a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a incoerência das tolas mágoas. E acrescentava: Não perca seu tempo se defendendo nem tentando provar nada a ninguém. Sua consciência é seu mestre e seu guia. Só o Supremo Criador sabe de suas intenções, de sua bondade e de seus defeitos. O que importa de verdade é o que você pensa e sabe de si mesmo.” Diante de tudo isso posso afirmar e reafirmar que sempre fui, sou e serei feliz!
“Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!”
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com