Neste período pré-eleitoral, em especial, quando os orgulhosos se assanham e se dizem os maiores e melhores que seus oponentes e que têm a solução para tudo, juntando-se a uma parcela da sociedade que vive num estado de orgulho diuturnamente, nada melhor que uma pausa para reflexão sobre o sentido verdadeiro que determinados sentimentos desvirtuados e suas atitudes refletem.
Dos defeitos que mais comumente se manifestam em cada ser humano, o orgulho é na verdade um dos mais contundentes e que por muitas vezes passa despercebido. O orgulho gera prepotência, arrogância e desprezo pelos verdadeiros valores da vida.
Necessário conhecê-lo e reconhecê-lo, mais intensamente possível, sem mascará-lo para nós mesmos. Diante disso uma introspecção faz com que não nos martirizemos pelos defeitos que ainda carregamos conosco provenientes de vários motivos.
Importante entender que temos que ter tolerância a começar por nós mesmos e não podemos nos maldizer ou nos culparmos pelas fraquezas que ainda temos. Necessário, também, identificarmos o orgulho em nós mesmos, pois só podemos mudar aquilo que conhecemos.
Principais características que predominam em pessoas orgulhosas: amor próprio acentuado; reagem explosivamente a quaisquer observações ou críticas de outrem em relação ao seu comportamento; necessidade ser o centro das atenções, fazendo prevalecer sempre as suas próprias ideias; não aceitam a possibilidade de seus erros, mantendo-se num estado de consciência fechado ao diálogo construtivo; menosprezam as ideias do próximo; ao serem elogiados por quaisquer motivos, enchem-se de uma satisfação presunçosa como que se reafirmando na sua importância pessoal; preocupam-se muito com aparência exterior e seus gestos são estudados; dão demasiada importância à sua posição social e ao prestígio pessoal; acham que todos os seus circundantes (em especial familiares e amigos) devem girar em torno de si; não admitem se humilhar diante de ninguém, achando que essa atitude é um traço de fraqueza e falta de personalidade e usam da ironia e do deboche para com o próximo nas ocasiões de contendas.
Com tudo isso, compreendemos que os orgulhosos vivem numa atmosfera ilusória de destaque social ou intelectual criando, assim, barreiras muito densas para penetrarem na realidade do seu próprio interior.
Na maioria dos casos o orgulho é um mecanismo de defesa para encobrir algum aspecto não aceito, de ordem familiar, limitações da sua formação escolar educacional, ou mesmo o resultado do seu próprio posicionamento diante da sociedade, da imagem que escolheu para si mesmo ou do papel que deseja desempenhar na vida de “status”.
É preferível nos olharmos de frente, corajosamente e lutar por nossa melhora, não naquilo que a sociedade estabeleceu, dentro dos limites transitórios dos bens materiais, mas nas aquisições interiores, onde se assentam os tesouros eternos que a “traça não come nem a ferrugem corrói!”
Quem tem ouvidos que ouça, quem tem olhos que veja!!
JOSÉ CÂNDIDO PÓVOA
É poeta, escritor e advogado; membro-fundador da Academia de Letras de Dianópolis.
candido.povoa23@gmail.com