O número de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) emitidas com indicações de condutor que possui algum tipo de restrição visual, exigindo o uso de lentes de contato ou óculos, por exemplo, aumentou 44%, entre 2014 e 2020. No Tocantins, esse aumento foi de 73%, proporcional ao número de condutores do estado.
A análise, realizada pelos oftalmologistas com base em dados oficiais do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Ainda segundo o Denatran, o Tocantins possui 490.540 condutores com CNHs, sendo que 94.647 CNHs são com restrições visual. Ou seja, 19% dos condutores.
Atualmente, o grupo com algum tipo de restrição de visão descrita na CNH representa quase um terço da população habilitada no Brasil. São 20,7 milhões de motoristas e motociclistas. Os dados fazem parte de um levantamento inédito divulgado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).
Avaliação
A inclusão dessas anotações na CNH é feita no momento do exame para fazer o documento pela primeira vez ou em sua renovação. A avaliação dos candidatos é feita pelo médico do tráfego, que analisa as condições do candidato de conduzir seu veículo sem oferecer perigo para outros motoristas, passageiros e pedestres.
Nesse exame, ele identifica a existência de uma deficiência e recomenda que o interessado busque o suporte de um oftalmologista, no caso de problemas de visão, para fazer o diagnóstico e prescrever o melhor tratamento.
Segundo a médica oftalmologista, Susan Yano, é necessário que o condutor faça acompanhamento oftalmológico, principalmente, porque algumas doenças como miopia, catarata, glaucoma e retinopatia diabética podem acusar um déficit visual no momento do exame.
“Essas doenças citadas são diagnosticadas após o exame durante a consulta. Por isso é necessário que o condutor cuide dos olhos, porque além dos prejuízos com a própria saúde, o condutor com déficit visual sem o tratamento adequado, pode trazer riscos no trânsito.”, explica a especialista Susan Yano.
Segurança
Para a CBO, a saúde ocular do motorista é fundamental também para a segurança do trânsito. Dados divulgados pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet) indicam que cerca de 250 mil acidentes que ocorreram entre janeiro de 2014 e junho de 2019 resultaram de problemas na saúde dos condutores.
Ainda de acordo com o conselho, as dificuldades de visão estão entre essas causas mais comuns, ao lado de sono ao volante e percepção alterada pelo consumo de álcool.
Segundo números oficiais da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o comprometimento da saúde dos olhos foi responsável por 1.659 sinistros de trânsito em rodovias federais, em apenas três anos (2016-2019).
Conforme avaliam os especialistas da área, se levado em conta acidentes verificados em pistas, ruas e avenidas dos centros urbanos, certamente o número seria ainda maior.
Infração
Não portar as lentes corretivas indicadas na CNH durante a condução de veículos pode causar ainda outros problemas. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece que, não seguir as anotações previstas na CNH é infração gravíssima, que rende multa e acúmulo de sete pontos na carteira.
Essas situações são observadas nas fiscalizações ou na apuração de causas de acidentes, quando policiais e agentes fazem a verificação de documentos e condições de motoristas e veículos.
O levantamento completo está disponível
https://cbo.net.br/2020/um-terco-dos-condutores-habilitados-no-brasil-possui-algum-problema-de-visao-registrado-na-cnh. (Com informações do Conselho Brasileiro de Oftalmologia – CBO)