A tristeza ao ver seu filho sendo julgado por causa do seu cabelo afro e reviver as experiências de racismo que passou na infância, fez a cantora e compositora Núbia Dourado unir forças para idealizar e colocar em prática o projeto Galega Preta, onde visitou escolas municipais em Palmas, proporcionado rodas de conversas e muita música sobre racismo e preconceito, principalmente, com os cabelos afros. “Eu sofri racismo na escola e agora a história se repetiu com o meu filho Davi, com apenas dois anos de idade”, relatou.
Com o intuito de ouvir crianças, adolescentes e professores e passar de alguma forma um apoio, aceitação ou até mesmo visibilidade e representatividade através de diálogos, a cantora e idealizadora do projeto Núbia Dourado visitou o Centro Municipal de Educação Infantil Romilda Budke, Pequeninos do Cerrado, a Escola Municipal Daniel Batista, Escola Paulo Freire e a Escola de Tempo Integral Professor Fidêncio Bogo.
O documentário produzido a partir dessa vivência mostra o impacto do racismo no ambiente escolar e é repleto de depoimentos atuais de alunas e professoras que sofreram preconceito devido ao seu cabelo afro. Falas do tipo “seu cabelo é ruim”, “seu cabelo é uma bucha” e “você é uma bruxa” marcaram a vida de mulheres que hoje se emocionam e falam com dor, mas que se superam e se aceitam a cada dia. “Meu cabelo é lindo, cada um tem sua beleza natural, é preciso aceitar isso”, ressaltou a estudante Layla Lorrane, de 14 anos.
Para a cantora Núbia Dourado a evolução de representatividade e aceitação das pessoas negras é pouco e ainda não é o bastante. “Temos salões especializados para cachos, vemos que aos poucos mulheres e homens estão aceitando os seus cabelos, também é possível observar representatividade na música, no cinema e nas grandes empresas, e tudo isso ainda é pouco. Nossas crianças e adolescentes ainda sofrem bullying e preconceito nas escolas, e muitos não se sentem representados. Isso não é apenas eu falando, a conclusão foi através dos depoimentos dos alunos e das minhas experiências”, reforça.
Núbia Dourado é idealizadora de outros projetos como Negra Cor e De Papo com Núbia Dourado, que são iniciativas voltadas a combater o racismo e o preconceito, como também dar voz e conversar com pessoas negras, buscando dialogar sobre cultura e tradições. Ela se inspirou na sua própria história de vida para dar o passo inicial da sua empreitada, desenvolver ações que visam a combater o preconceito, divulgar tradições do povo negro, assim como proporcionar ambiente de diálogos sobre essas temáticas.
Galega Preta também faz referência a uma música que a cantora gravou em 2013. O documentário está disponível no canal Núbia Dourado no YouTubee pode ser acessado através do link abaixo: https://www.youtube.com/watch?v=4xOAXaHrQJw&t=34s.
O projeto foi contemplado pelo Prêmio Aldir Blanc, da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa (Adetuc) e Governo Federal ( Ministério do Turismo – Secretaria Especial de Cultura) e Fundo Nacional de Cultura.