Na atual “Era da Informação”, onde a velocidade das transformações tecnológicas fascina alguns e assusta outros, aqueles que melhor utilizam as novas tecnologias, sejam pessoas, empresas ou governos, têm grande vantagem sobre os demais.
Nesse Novo Mundo tecnológico surge um conceito que diferencia as cidades, entre as que estão presas aos modelos do passado e aquelas, que usam as novas tecnologias para oferecer serviços públicos cada vez mais eficazes e eficientes, as “Smart Cities”.
O conceito de “Smart City”, que para o português é traduzido como Cidade Inteligente, começou a ser pensado na década de 1980 e entre as muitas definições utilizadas para explicá-lo, podemos dizer que:
Uma Cidade Inteligente é um espaço urbano inovador, que utiliza a tecnologia na gestão de suas estruturas e recursos, com os objetivos de melhorar sua eficiência operacional, oferecer melhores serviços governamentais e promover o desenvolvimento humano, econômico e social de forma sustentável.
Muitas dessas Cidades Inteligentes já nasceram com essa finalidade, como Chengdu, na China, Songdo, na Coreia do Sul e Masdar nos Emirados Árabes Unidos. Mas no mundo inteiro o conceito é aplicado para resolver problemas reais, de cidades que já existem, apresentando soluções em áreas como mobilidade, saneamento, energia, segurança, saúde e educação.
No início, apenas as grandes cidades despertavam o interesse para a implantação desses projetos, mas isso está mudando e hoje vemos um número cada vez maior de pequenas e médias cidades, adotando novas tecnologias, principalmente através de um tipo de projeto, que é a “porta de entrada” no universo das Cidades Inteligentes – a modernização da iluminação pública.
A redução dos preços de dispositivos eletroeletrônicos, juntamente com a adoção de modelos de Parcerias Público-Privadas (PPP) permitem hoje, que cidades menores possam dar os primeiros passos bem-sucedidos, em direção ao desenvolvimento sustentável desejado pelas Cidades Inteligentes, mudando toda e rede de iluminação publica (IP) e agregando inovações como vídeo-monitoramento, rede de fibra ótica e geração de energia.
Atualmente no Brasil, estamos diante de uma forte expansão das PPPs de IP. Só esse ano, em torno de 400 novos projetos serão concluídos. No Tocantins, governos municipais organizam seus programas de PPPs e grandes empresas observam de perto esse movimento, demonstrando que chegou a hora de surgirem as primeiras Cidades Inteligentes tocantinenses.
No dia 07 de março, fui até Minas Gerais, conhecer uma PPP de iluminação pública. Embora a capital mineira também tenha uma PPP de IP em operação, escolhi conhecer o projeto de Ribeirão das Neves, município que já esteve entre os mais pobres do Brasil.
A transformação que o novo sistema de iluminação pública promoveu na cidade, salta aos olhos e pode ser facilmente confirmado ao conversarmos com seus moradores. Ruas, avenidas, praças, monumentos, tudo ganhou um novo brilho e passa a despertar admiração de quem mora e visita a cidade. Ao compararmos fotos e imagens do sistema de iluminação anterior, com o atual, fica fácil entender como o projeto mudou a cidade.
O prefeito de Ribeirão das Neves, Junynho Martins e o Secretário de Administração, Tulio Raposo falaram da grande redução dos índices de criminalidade e de outras melhorias na qualidade de vida da população, que agora pode frequentar praças, parques, quadras esportivas e campos de futebol de dia e a noite.
Da sala do centro de controle operacional da concessionária IP Minas, pude observar o funcionamento do sistema de telegestão, que permite a implantação da Internet das coisas (IoT) na iluminação pública, com o controle de cada uma das luminárias da cidade de forma remota e em tempo real, garantindo maior eficiência energética e redução do índice de falhas.
Em muitas cidades do Tocantins, vemos o esforço de prefeitos em realizar mudanças de lâmpadas antigas, por lâmpadas de Led, mas eu pude ver que uma PPP de iluminação pública, é muito mais do que troca de lâmpadas. Vou citar apenas algumas dessas diferenças:
- Economia. Enquanto o poder público é obrigado a comprar pelo menor preço, o concessionário privado compra pelo critério do melhor produto, o que resulta em grande economia pela maior durabilidade e menor índice de falhas.
- Agilidade. Assim que assume o serviço, o concessionário é obrigado a aportar grandes recursos para fazer toda a modernização do sistema nos primeiros meses do contrato;
- A remuneração do concessionário está ligada a padrões de eficiência que ele tem que alcançar, exigindo altos percentuais de redução do gasto público, que em muitos casos chega aos 60%, bons serviços de manutenção e bons índices de satisfação da população;
Alguns prefeitos tocantinenses começaram a entender, que não são apenas emendas parlamentares e convênios com o Governo Federal e Estadual que podem financiar projetos importantes em suas cidades. As primeiras Cidades Inteligentes do Tocantins estão surgindo com 100% de financiamento privado. Em breve teremos cidades com modernos sistemas de iluminação pública, semáforos inteligentes e vídeo monitoramento. Prédios públicos abastecidos por usinas municipais, gerando energia através do sol e do lixo. Rede de fibra ótica municipal, com internet de alta velocidade, interligando órgãos públicos e proporcionando internet gratuita em praças e bairros carentes. Enfim, serão cidades que usarão a tecnologia para promover o desenvolvimento econômico e social de forma sustentável, melhorando a vida das pessoas. Cidades do futuro que nos próximos meses, farão parte do presente de muitos tocantinenses.
ROBSON MENEZES FERREIRA
É certificado pela APMG International com o CP3P-F (Certified Public-Private Partnerships Professional – Foundation), sócio da Aroeira Consultores Associados e foi secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos do Estado do Tocantins (Tocantins PPI).
robson.ferreira@me.com
Para quem quiser conhecer mais do projeto de iluminação pública de Ribeirão das Neves, segue. vídeo produzido pela Houer:
Imagem: de Autor Desconhecido
Fotos: IP Minas