Governo é governo, é o que sempre dizemos. Isso ficou muito claro na convenção do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), que recebeu 91 prefeitos na homologação de sua candidatura no dia 5. Essa presença maciça mostrou a força do candidato à reeleição. Contudo, uma coisa é participar da convenção, outra é entrar de corpo e alma na campanha.
Não há dúvida de que o Palácio demonstrou muita musculatura ao reunir quase 100 prefeitos e mais de 1.000 vereadores num evento eleitoral. Sobretudo, quando considerado o fato de que os adversários do governador fizeram convenções com uma expressão de força que sequer pode ser comparado a isso.
Agora os prefeitos estão em compasso de espera. Querem primeiro sentir se essa potência política se reflete também em perspectiva de votos ao longo do processo eleitoral. Só aí que, efetivamente, grande parte desses líderes entrará de fato na campanha de 2022.
Afinal, não é apenas a vida política de quem disputa que está em jogo neste momento. Mas também a gestão municipal e a sucessão desses líderes em suas cidades. Se fizerem uma aposta errada agora, é grande risco de ficarem à margem na necessária relação que precisam ter como Executivo estadual.
Financeiramente, as prefeituras dependem muito do governo federal, no que diz respeito a verbas de transferência e a emendas parlamentares. No entanto, além dos repasses de recursos que vêm do estado, os municípios buscam atendimentos diversos e diários para seus cidadãos junto às estruturas assistenciais do governo do Tocantins. A exemplo, atendimento médico-hospitalar, cestas básicas, conserto de estradas vicinais, transporte escolar, medicamentos, enfim, uma variedade de ajuda governamental do estado imprescindível para a qualidade de vida dos munícipes.
Claro que manter essa boa relação tem reflexo direto na popularidade do prefeito com seus cidadãos e, consequentemente, na sua reeleição ou na eleição de seu sucessor.
Por todos esses motivos, grande parte dos prefeitos do estado não tomará decisão de apoio eleitoral a qualquer candidato a governador sem a certeza absoluta de que estará no palanque do vencedor.
Para ilustrar essa realidade, sempre é bom relembrar a eleição suplementar de 2018, quando, no primeiro turno, o então candidato a governador Vicentinho Alves ficou com grande parte dos prefeitos porque havia uma expectativa muito grande de que ele sairia vencedor daquele pleito. Quando iniciou o segundo turno com Mauro Carlesse bem à frente de Vicentinho no resultado das urnas do primeiro turno, houve uma revoada imediata para o palanque governista. Uma dessas aves que fizeram a travessia de uma campanha para outra chegou até dizer em vídeo que prefeito não pode ficar com candidato a governador que perde.
Diante da perspectiva ainda mais real de vitória de Carlesse na eleição ordinária, o número de prefeitos em seu palanque só cresceu até outubro daquele ano.
Em 2022 não será diferente. Não resta a menor dúvida de que o governador Wanderlei Barbosa saiu muito à frente em termos de força política em sua campanha pelo que demonstrou na convenção. Se essa liderança se consolidar em pesquisas internas que circulam de mão em mão, certamente que os prefeitos em seu palanque superarão em muito o número de 100.
Por isso, como a coluna já afirmou, o maior desafio da oposição é provar a sua viabilidade eleitoral, que realmente tem condições de vencer, para rachar a hegemonia do governo em relação aos prefeitos e, então, conseguir provocar um segundo turno e, lá, se unir contra o Palácio e, dessa forma, fazer uma disputa de igual para igual para decidir quem será, enfim, o vencedor das eleições de 2022.
Se os opositores do governo, fracassarem nisso não será surpresa se não houver um segundo turno.
CT, Palmas, 15/08/2022.