No domingo, 30 — portanto, dentro de apenas seis dias –, estaremos decidindo quem será o próximo presidente da República. Os ânimos exaltados sinalizam que o Brasil deverá ter uma das semanas mais duras de nossa história. Os debates serão duros, com argumentos fortes de todos os lados, mas isso faz parte do processo democrático. O que não faz é a violência, para a qual apelam aqueles que ficam sem argumentos e dispõem de pouca inteligência.
O que vimos nesse domingo, 23, foram uma ponta do que pode estar pela frente. No Rio, o delinquente Roberto Jefferson fez o que desejava que fosse o seu “dia de invasão do Capitólio”, aquela tentativa de malucos americanos – congêneres dos nossos fanáticos de extrema direita – de forçar a reeleição de Donald Trump. Essa mente perturbada, Jefferson, reagiu como um revolucionário de araque, atacando policiais federais no cumprimento de seu trabalho como se vislumbrasse uma “invasão comunista” ou uma alucinação do tipo. Coisa de gente mentalmente desvairada e desequilibrada, o que não falta por todos os lados.
No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra teve que ser retirada às pressas de um evento eleitoral, quando começaria a discursar, porque um aloprado disparou tiros contra o ato.
Em Palmas – sim, aqui –, um movimento pacífico de ciclistas em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quase termina em tragédia. Primeiro um Prisma branco, com adesivo de Bolsonaro, tentou atropelar uma participante na rotatória do Palácio. Depois, alguém num Siena prata apontou um fuzil para o grupo; e, por fim, o inacreditável, um bolsonarista, completamente fora de si, agrediu a golpes de facão um veículo de um apoiador de Lula, na Praia da Graciosa.
Este é o clima. E fica óbvio que as agressões são muito mais constantes por parte dos bolsonaristas, que transformaram esta eleição numa espécie de guerra santa, não uma escolha na qual deve prevalecer a vontade racional, soberana e democrática da maioria. Não estamos em guerra contra os bolsonaristas. Discordamos deles, consideramos o presidente Bolsonaro totalmente despreparado para a vida pública, e queremos com a “arma” da democracia, o voto, derrotá-lo.
Agora, não pregamos o ódio, não achamos que devemos destruir os bolsonaristas, mas trazê-los para o nosso lado pelo convencimento, pela força dos argumentos. Mesmo que com debates duros, intrincados, ranhidos, mas sem violência. Somos da paz, e este é um dos motivos que nos leva a nos insurgir contra um presidente bélico, que dissemina ódio a cada frase e fala em armar a população para que reaja aos que pensam diferente com a força das balas.
Isso é selvageria, incivilidade, coisas de uma mente arcaica, medieval e de claros traços de psicopatia.
Queremos um país unificado em torno daquilo que realmente interessa a todos: o desenvolvimento econômico, o combate à fome, a inclusão social e a convivência harmônica de uma sociedade plural, cuja beleza maior é justamente sua diversidade.
Tenho posição e defendo claramente um candidato, mas respeito os que pensam diferente. Minha escolha neste segundo turno foi feita não por ser a pessoa que desejava ver na Presidência, mas por representar o que mais interessa ao Brasil neste momento: a defesa da democracia, o resgate de nossa humanidade, a construção de um país que pensa no todo, não em um grupo de privilegiados; e a recuperação de nossa credibilidade diante do mundo, totalmente deteriorada nesses últimos três anos e meio.
Continuarei a debater de forma dura, firme e forte, para convencer quem eu puder de que precisamos com urgência trazer o Brasil de volta da idade média para o século 21. Mas nunca apelando para a violência, apenas para a palavra.
Se o candidato que defendo perder, o vencedor, desde o primeiro minuto, como tenho afirmado sempre, terá meu reconhecimento de que é o presidente da República de todos. Este é o espírito que deve prevalecer nos dois lados.
Destruir a família de outro e a sua não tornará o Brasil um lugar melhor para se viver. Com violência, quem ganha não é o Brasil, mas a irracionalidade, a selvageria, a incivilidade e a desumanidade, que nosso campo democrático tanto combate.
Que vença o melhor, com muita democracia e paz.
CT, Palmas, 24 de outubro de 2022.