O governador interino e candidato na eleição suplementar do dia 3 de junho, Mauro Carlesse (PHS), chegou mais de um hora atrasado para apresentar suas propostas e projetos a empresários no “Café com Política”, evento da Federação das Indústrias do Tocantins (Fieto) – o que foi negado pela assessoria. Em discurso de pouco mais de 30 minutos na manhã desta quarta-feira, 16, o atual inquilino do Palácio Araguaia garantiu a manutenção de incentivos fiscais e disse buscar manter o “equilíbrio” do Estado.
Candidato da coligação “Governo de Atitude”, Mauro Carlesse afastou a possibilidade de mudanças radicais no Tocantins já neste mandato tampão em disputa. “Os que falam em resolver o problema em seis meses, é mentira. Não tem milagre”, adiantou. O governador interino afirmou que recebeu o Executivo em uma situação “bem complicada”. “O Estado está com a dívida enorme. São direitos do funcionalismo atrasados, faltando policiais nas ruas”, elencou como exemplo.
Mauro Carlesse defendeu que os atuais concorrentes no pleito suplementar “poderiam estar ajudando na transição de governo” devido a situação econômico-financeira do Tocantins aliada à crise política, indicando que a manutenção dele à frente do Palácio Araguaia seria mais benéfico para a estabilidade. “A eleição verdadeira para mim é outubro”, reforçou. O candidato acrescentou que não tem feito política, mas tem “cuidado do Estado”. Campanha, segundo alega, é “mas horas que dá tempo de fazer”.
Para a plateia de empresários, o governador interino utilizou uma empresa para ilustrar a situação do Tocantins. “Se não paga fornecedor, seus funcionários, os compromissos feitos, como vai entregar seu produto lá na frente? Não tem como. E é isso que está acontecendo em vários setores”, elucidou. Segundo Carlesse, esta situação afeta diretamente o setor produtivo. “A indústria e o comércio, que hoje depende do governo, do salário do funcionalismo, fica nesta situação que estamos vivendo. Sem condições nenhuma de investimento”, avaliou.
Frente a situação de crise do Tocantins e o curto período de mandato em jogo nesta eleição suplementar, Mauro Carlesse negou a possibilidade de obras significativas de infraestrutura. “Temos um período curto. Projetos da outra gestão é praticamente zero. O que existe hoje é apenas manter o equilíbrio do Estado. Se eu disser aos senhores que tem projeto de 30 dias para quatro, cinco meses, não é verdade. Estamos mantendo o equilíbrio para depois vir um projeto de quatro anos”, argumentou.
Para este projeto visando o “equilíbrio” do Tocantins, Carlesse deu algumas garantias. A primeira delas foi a manutenção dos incentivos fiscais para pelo menos “manter a indústria e comércio”. O governador interino demonstrou preocupação com o setor durante o discurso. “O que é pior ainda não é trazer os empresários de fora, é manter os nossos que estão fechando as portas”, chegou a dizer durante o evento, arrancando aplausos da plateia.
Outra manifestação de Carlesse que arrancou aplausos do público foi em relação à Superintendência do Estado do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), que um dos presentes citou como “órgão arrecadador” em questionamento ao candidato. “O Procon tem o papel dele, mas tem que mudar a maneira que fazer suas cobranças, e rápido. Tem que entender a situação e não deixar o empresário em uma situação difícil”, respondeu, isto depois de já ter disparado: “Se o governo não atrapalhar o empresário já é uma grande coisa. Ninguém aguenta fiscal na porta da gente. É um inferno”.
Fieto
Presidente da Fieto, Roberto Pires voltou a apontar os gargalos que a categoria que representa sofre no Tocantins, assim como fez na primeira edição do “Café com Política” que teve Carlos Amastha (PSB) como candidato. Novamente foi citado o baixo investimento em infraestrutura, o alto comprometimento da receita com a folha de pagamento do funcionalismo, a carga tributária e o número de empregos ancorados no Poder Público.
Sobre o evento em si, o presidente da Fieto exaltou os resultados. “É o segundo ‘Café com Política’, muito prestigiado, como o primeiro também. E a gente está atingindo o objetivo: conhecer as propostas de cada candidato e identificar quem tem maior aproximação com o que a gente pensa que deve ser feito para o Estado. Feliz com estes dois primeiros eventos”, resumiu Roberto Pires.
Sem atraso
A assessoria da campanha da coligação “Governo de Atitude” entrou em contato com o CT para explicar que a organização do evento “Café com Política” tinha sido informada que Mauro Carlesse (PHS) só chegaria à Fieto após às 8 horas, e por isso o candidato não teria chegado com uma hora de atraso, mas apenas “alguns minutos”. De toda forma, o grupo ressaltou que o horário da chegada “não prejudicou em nada o evento” e que o gestor interino foi “objetivo” em sua apresentação.
Em material à imprensa, a Fieto informou que todas as edições do “Café com Política” teriam início a partir das 7h30.