Nos últimos anos, o consumo de notícias mudou drasticamente. As redes sociais assumiram o papel de principal veículo para muitas pessoas que buscam estar informadas sobre o que acontece ao seu redor. Esse cenário trouxe desafios e oportunidades para quem produz e consome informação. Mas o mais importante nessa transformação é entender como os veículos tradicionais de comunicação podem se adaptar sem perder aquilo que os torna essenciais: a credibilidade e a responsabilidade.
Redes sociais como Instagram e ferramentas como o WhatsApp, tornaram o acesso à informação mais democrático. Qualquer pessoa com um celular pode produzir conteúdo e atrair um público expressivo. Isso, por si só, não é ruim. É uma oportunidade para tornar as notícias mais acessíveis e amplas. No entanto, a rapidez e a superficialidade que dominam essas plataformas podem acabar criando ruídos no processo de informar. O foco na velocidade da publicação, muitas vezes, deixa para trás o cuidado com a apuração e a profundidade da análise. Um exemplo clássico: “Acidente grave no centro de Palmas. Sem mais informações!”
A questão que se coloca é: como os veículos profissionais, que seguem um modelo mais criterioso, podem competir nesse ambiente onde o consumo é instantâneo? A resposta talvez esteja no que já diferencia esses veículos: a qualidade.
Investir na qualidade do conteúdo, mesmo em plataformas rápidas como o Instagram, é uma forma de mostrar ao público que é possível aliar agilidade com responsabilidade. Não se trata de competir diretamente com outras fontes de informação, mas de oferecer algo que vá além. Um exemplo disso são as notícias que não apenas informam, mas explicam o contexto, ajudam o público a entender os desdobramentos e, principalmente, são verificadas antes de serem publicadas.
Esse é o caminho que alguns veículos têm seguido, e os resultados começam a aparecer. Um perfil que publica notícias com regularidade, que mantém a consistência em seu tom e que demonstra compromisso com o público tem mais chances de ganhar credibilidade — não apenas seguidores. É aí que mora a diferença: enquanto a quantidade pode atrair, a qualidade é o que fideliza.
O que estamos vivendo não é um conflito entre redes sociais e veículos tradicionais, mas uma transição. É natural que o público explore novas formas de se informar, mas cabe aos jornalistas e comunicadores profissionais mostrar o valor que um trabalho sério e bem estruturado agrega. Informar vai muito além de publicar: é apurar, contextualizar e respeitar quem consome o conteúdo.
É importante lembrar que o público, aos poucos, percebe as diferenças. Quando uma notícia é errada, o impacto da falta de apuração tende a ser maior do que o de um atraso na publicação. Isso não significa que veículos profissionais podem ignorar as redes sociais. Pelo contrário, elas precisam ser vistas como aliadas, como ferramentas para amplificar boas práticas de jornalismo e alcançar um público que talvez não buscasse informação nos meios tradicionais.
O caminho é claro: não se trata de competir pela velocidade, mas de liderar pela confiança. Quem consegue aliar esses dois fatores ganha não apenas relevância, mas também o respeito do público. E esse respeito é a base de um jornalismo que faz a diferença.
RAMON FLAUBERT MACEDO
É jornalista, professor efetivo do município de Palmas e fundador do site de notícias Sou de Palmas.