A desembargadora Etelvina Maria Sampaio deixou a presidência do Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) nesta segunda-feira, 3, com críticas à imprensa. O tom do discurso tem como pano de fundo a Operação Máximus, que atingiu em cheio o Poder Judiciário. A magistrada chegou a ser investigada pela Polícia Federal em um primeiro momento, mas foi posteriormente isenta de responsabilidade por não haver evidências de prática delituosa. “O momento mais desafiador da minha vida profissional nesses 35 anos dedicados à magistratura tocantinense”, avaliou.
BIOGRAFIA VILIPENDIADA PELA IMPRENSA E JULGAMENTO ANTECIPADO
O momento foi classificado pela magistrada como “uma pedra no caminho”, com uma citação ao poema de Carlos Drummond de Andrade. “Destaco que naquele momento perturbador, mesmo sendo diretamente afetada e tendo minha biografia vilipendiada pela imprensa e pelo julgamento antecipado, fiz tudo o que me foi possível para preservar o nosso amado Tribunal de Justiça, porque é o elemento forte que nos une para garantir que os direitos dos cidadãos tocantinenses sejam respeitados”, abriu Etelvina Sampaio sobre o tema.
PRESERVAÇÃO DA IMAGEM DAS PESSOAS
A ex-presidente seguiu com questionamentos acerca da maneira como os magistrados foram abordados no caso da Operação Máximus, argumentando ainda não ser contra investigações. “Pelo contrário, tudo deve ser devidamente apurado, porém de forma cuidadosa, com a preservação da imagem das pessoas investigadas, como nos garante a legislação processual. Sou contra a forma espetaculosa e midiática com que nós, membros desta Corte, fomos tratados. Sem qualquer chance de defesa, fomos jogados à arena implacável e insaciável das mídias locais e nacionais, assim como as pessoas eram jogadas aos leões nos coliseus da Roma antiga”, comparou.
SENTIMENTO DE EXECRAÇÃO PÚBLICA E CONDENAÇÃO SUMÁRIA
A avaliação de Etelvina Sampaio houve um “verdadeiro julgamento antecipado” e um “notório assassinato de reputações” no caso. “O interesse público não se confunde com o interesse do público, como no caso, que foi guiado pelo sentimento de execração pública e condenação sumária pelas forças componentes da comunicação social, municiados de informações construídas na base de muita narrativa, suposições, recheadas inverdades”, disparou a desembargadora.
Confira o trecho do pronunciamento da desembargadora Etelvina Sampaio: