O Ministério Público do Tocantins (MPE) realizou nesta quinta-feira, 27, nova vistoria no Aterro Sanitário de Palmas e relata ter constatado os mesmos problemas ambientais já identificados em 2019, quando a instituição iniciou a apuração de possíveis irregularidades. A inspeção foi conduzida pelo promotor Fábio Vasconcellos Lang, com o apoio de assessores da 24ª Promotoria de Justiça da Capital e técnicos do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoma). O MPE inspecionou os lagos de decantação do chorume e reuniu-se com representantes da Secretaria de Infraestrutura de Palmas (Seinfra), responsável pela gestão do aterro, e da Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMA).
NOVAS PROVIDÊNCIAS COBRADAS
Como parte das ações, documentos que serão comparados com os relatórios elaborados pelo Caoma em 2019 e 2021 foram solicitados, a fim de verificar se as recomendações feitas foram cumpridas. De forma preliminar, constatou-se que algumas das orientações não foram atendidas.
SEM LICENÇA
O Aterro Sanitário de Palmas opera sem licença ambiental há seis anos, necessitando da renovação do documento pelo órgão ambiental municipal. Na época, o MPE já havia cobrado providências para a regularização da situação. “Voltamos aqui em 2025, e essa licença ambiental ainda continua pendente”, destacou o promotor Fábio Lang.
TERMO DE AJUSTAMENTO
Diante das irregularidades persistentes, o promotor considera viável a formalização de um termo de ajustamento de conduta (TAC) entre o MPE, a Seinfra e a FMA. O objetivo é estabelecer compromissos concretos para a regularização dos problemas ambientais, com cláusulas claras, prazos definidos e penalidades em caso de descumprimento. “Buscaremos uma solução consensual, dentro dos parâmetros legais e do inquérito civil público em andamento, de forma a regularizar o empreendimento”, afirmou Lang.
CHORUME
Outra irregularidade persistente trata-se da falta de monitoramento sistemático da qualidade da água subterrânea, da superficial e do chorume. Situação em que a Secretaria de Infraestrutura de Palmas não sabe informar qual o volume do chorume que é despejado nas lagoas de decantação. O órgão municipal também não tem controle sobre a quantidade de chorume que acaba sendo escoado e infiltrado no solo. Conforme informado, não é feita a análise da qualidade do chorume que é descartado, impossibilitando checagem de padrão do resíduo, permitindo a suspeita da ocorrência da contaminação do solo e dos lençóis freáticos daquela região.
O ATERRO
O Aterro Sanitário de Palmas, localizado na zona rural do Assentamento São João, foi implantado em 2001 e projetado para funcionar por 40 anos, com previsão de encerramento em 2041. Diariamente, são ali depositadas 340 toneladas de lixo, mas esse número pode chegar a 500 toneladas durante o período chuvoso, devido à maior densidade por conta da água. A operação se dá por meio de células, áreas especialmente preparadas para receber os resíduos. Atualmente, o aterro utiliza a sua sexta célula, com previsão de encerramento para o final deste ano. A sétima célula, já em fase final de preparação, tem previsão de início de operação em 2026, e sua vida útil é estimada entre cinco e sete anos.