Há tempos o Sudeste do Tocantins vem padecendo da ausência de representantes legítimos em instâncias decisivas do poder: não temos hoje um deputado estadual, tampouco um deputado federal ou senador que possa, de fato, erguer a voz pelo nosso povo, nossas demandas e potencialidades. O contraste é gritante quando recordamos que, na criação do Estado, essa região contava com significativa representatividade.
É neste cenário de carência política que surge um movimento espontâneo, nascido de discussões em grupos virtuais — como o recente grupo de WhatsApp (Deputados do Sudeste 2026), que reúne lideranças e cidadãos preocupados com o futuro da nossa região, aproveito para parabenizar o idealizador desse grupo.
Essa mobilização, ainda que digital, revela algo fundamental: há um sentimento coletivo de que é preciso reagir.
Mas o tempo das ideias soltas precisa dar lugar à construção de um projeto concreto e articulado. A eleição de 2026 se aproxima, e a pré-campanha já está em movimento no Tocantins. Se quisermos voltar a sonhar com a representatividade que perdemos, precisamos agir com estratégia e compromisso.
Primeiro, é urgente saber: quais são os nomes do Sudeste dispostos a encarar essa missão? Quem são as lideranças que não apenas desejam disputar uma eleição, mas que têm coragem de enfrentar as consequências da vida pública, a cobrança, os desafios?
Segundo, precisamos entender que eleições demandam estrutura. Isso inclui logística, articulação política, e, sobretudo, recursos financeiros. Um projeto eleitoral sério não nasce apenas da vontade, mas da preparação.
Terceiro , é hora de sair das telas e ir para as ruas. O debate precisa se materializar em reuniões presenciais, com envolvimento direto das lideranças políticas locais, das forças sociais, dos cidadãos. As lideranças que desejam se colocar à disposição devem se apresentar e iniciar o corpo a corpo com as comunidades e os agentes políticos, como todos mandatários já estão fazendo. Basta respeitar a legislação eleitoral vigente.
Importante destacar também que os prefeitos e vereadores são peças-chave nesse jogo. Eles continuam sendo os maiores cabos eleitorais da região. No entanto, até o momento, não há sinal de que os gestores municipais estejam unidos em torno de nomes regionais. Essa realidade precisa ser enfrentada com diálogo e articulação.
Além disso, a união partidária é fundamental. Os pré-candidatos do Sudeste devem buscar se abrigar sob a mesma legenda, permitindo que os votos se somem e que, democraticamente, o mais votado entre eles represente toda a região. Com isso, voltamos a sonhar com um projeto coletivo de mandato, e não com candidaturas isoladas e fragmentadas.
O Sudeste do Tocantins precisa deixar de ser apenas celeiro de votos e voltar a ser força política real. Representatividade não se implora, se conquista. Mas para isso, é necessário mais que indignação — é preciso organização, coragem e compromisso.
É o que eu penso.
ARTUR RIBEIRO
É administrador público, natural de Natividade, ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Natividade, ex-diretor do colégio agropecuário de Natividade e ex-assessor parlamentar Senado Federal.