A prisão do advogado Thiago Barbosa, sobrinho do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), em 18 de março, foi apresentado pela Polícia Federal como um dos “riscos concretos” de vazamento de investigações que tramitam no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ao apresentar um pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF) para abrir um inquérito sobre o caso. A informação é do jornal Folha de S.Paulo, que afirmou ainda que, o documento, que está sob sigilo, a PF apontou a probabilidade de vazamento de dados de um caso que apura justamente o vazamento de operações policiais em gabinetes do STJ. Segundo o jornal, o inquérito não investiga diretamente ministros da Corte.
ATUAÇÃO EXCEPCIONAL
De acordo com a Folha, no pedido de abertura da investigação, encaminhado ao ministro Cristiano Zanin, do STF, a PF afirmou que, frente a esse risco, “não resta uma alternativa senão provocar a atuação excepcional do Supremo Tribunal Federal para assumir a supervisão do presente inquérito policial”. “A investigação visará desvendar a origem e os respectivos responsáveis pelo ‘vazamento’ de informações relacionadas a investigações sigilosas supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça, especialmente envolvendo futuras deflagrações de operações policiais”, afirmaram os delegados.
CONVERSA COM DESEMBARGADOR
O jornal disse que o pedido da PF embasou a fase mais recente da Operação Sisamnes, que foi aberta inicialmente para investigar suspeitas de venda de decisões judiciais em gabinetes do STJ relacionadas ao lobista Andreson de Oliveira Gonçalves. A Folha contou que os investigadores começaram a desconfiar desses vazamentos ao analisar celulares apreendidos na Operação Maximus, sobre vendas de decisões do Tribunal de Justiça do Tocantins. Isso por conta da gravação de um telefonema de junho de 2024, em que Thiago Barbosa conversa com o desembargador Helvécio Maia, afastado na Maximus, sobre “companheiros em Brasília” que ficariam monitorando informações do STJ, citando a Maximus e a Fames-19, contra Wanderlei e que apura irregularidades na compra de cestas básicas, ambas deflagradas em agosto do ano ano passado. Thiago chegou a colocar o nome do relator da Fames-19, ministro Mauro Campbell, do STJ, na conversa.
CÓPIAS DE INQUÉRITOS NO COMPUTADOR DE THIAGO
Na última fase da Sisamnes, em que a PF cumpriu o mandado de prisão contra Thiago Barbosa, que não foi indiciado, também houve outros quatro mandados de busca e apreensão. Entre outros itens, segundo a Folha, os policiais encontraram cópias de inquéritos em um computador usado por Thiago.
GRAVIDADE DOS CASOS NARRADOS
Ao deflagrar a operação contra o sobrinho de Wanderlei, Zanin afirmou que as medidas por ele determinadas são “uma resposta do STF diante da gravidade dos casos narrados pela PF, que mencionam, de forma verdadeira ou não, ministros do STJ”.
O OUTRO LADO
Procurado pela Folha, o governador disse que não recebeu informações privilegiadas porque seus advogados já tinham acesso regular ao inquérito da operação sobre cestas básicas desde abril, antes da conversa do desembargador com seu sobrinho. A defesa de Thiago Barbosa, também procurada pelo jornal, não se manifestou.
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