No último mês, um procedimento foi bastante discutido na mídia científica dos Estados Unidos: o Brazilian Butt Lift (BBT) ou Lifting Glúteo Brasileiro, conhecido por aqui simplesmente como lipoescultura, neste caso específico relativo à região das nádegas. O tema geral dessas discussões tem sido o aumento do número de relato de mortes, mais especificamente por embolia gordurosa nos EUA.
Alguns aspectos são importantes e merecem consideração
1- Aumento da popularidade do procedimento nos EUA
O aumento da procura pelo procedimento foi bastante significativa no mercado norte-americano. Na verdade, o procedimento foi uma verdadeira febre por lá. O grande número de procedimentos realizados não foi necessariamente acompanhado de respaldo científico de todos os cirurgiões, até mesmo porque infelizmente naquele país, assim como no Brasil, existem médicos não especialistas realizando o procedimento.
2- Técnica adequada para o lipoenxerto
A gordura, quando enxertada dentro do músculo, apresenta um risco de lesões dos vasos sanguíneos locais. Até mesmo porque existem variações anatômicas de paciente para outro. O local adequado para enxerto é no subcutâneo. Não existem relatos até o momento de embolia gordurosa, quando a gordura é enxertada no subcutâneo. Ou seja, quando realizado dentro da técnica é uma cirurgia bastante segura.
3- Volume enxertado
Outro aspecto de importância crucial é o bom senso com relação ao volume enxertado. A idéia de quanto mais melhor não vale para a lipoenxertia. A forma e o volume enxertados são parâmetros a serem seguidos. Cada cirurgião segue um limite que acredita ser seguro. Naturalmente, quanto maior o volume, maior será o risco de uma lesão e, consequentemente de uma embolia gordurosa. Além disso, volumes muito elevados estão sujeitos a uma taxa reabsorção maior, perdendo parte ou todo o resultado estético. Pacientes com necessidade de
volumes maiores podem ser candidatas a implantes de silicone.
4- Realização de procedimento por médicos não qualificados
Uma triste coincidência ocorreu no Brasil com preenchimentos por médicos não
especialistas, ou mesmo não médicos, de diversos produtos (PMMA, silicone
industrial, etc), resultando em morte de pacientes. Pesquisar sobre o profissional
que está realizando o procedimento é mandatório. Abaixo segue o link da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica para saber se o seu médico é, de fato,
cirurgião plástico.
GUSTAVO SALVIANO
É cirurgião plástico, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da American Society of Plastic Surgeons e membro da International Confederation for Plastic Reconstructive e Aesthetic Surgery (Ipras)
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