O governador Mauro Carlesse (PHS) assumiu o comando do Tocantins em meio ao caos político da cassação de seu antecessor Marcelo Miranda (MDB). Mal chegou ao Palácio teve que deixá-lo numa decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que só serviu para tumultuar a vida de um Estado já em total turbulência. Depois das brigas de ego de suas Excelências egocêntricas das Cortes Superiores, Carlesse pôde, enfim, comandar o Estado. Mas nem tanto.
[bs-quote quote=” É o primeiro governador tampão a conseguir sucesso em eleições para permanecer no cargo, o que confirma a ojeriza da população à via indireta utilizada para efetivar os interinos no poder em 2009 e 2014″ style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Era ainda o presidente da Assembleia no exercício do Chefia do Executivo. Com o início das campanhas para preencher o mandato tampão, o Estado foi paralisado pelo rigor necessário da legislação eleitoral e por decisões do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-TO), após provocação de adversários do governador. Ou seja, Carlesse era um chefe de Executivo com poderes limitados por força do processo eleitoral.
A suplementar foi para o segundo turno, o que atrasou ainda mais a vida de um Estado que precisava corre contra o tempo. Quando concluída essa primeira disputa, já iniciaram as eleições ordinárias.
Pré-campanha, convenções e campanha propriamente dita. Ou seja, o Tocantins não teve tempo para respirar entre um processo eleitoral e outro. Do ponto de vista da legislação, o governo do Estado continuou entre uma disputa e a outra com todas as limitações legais.
Foram mais 60 dias de paralisação, num processo eleitoral iniciado com a pré-campanha de março, logo após a cassação de Marcelo. Assim que o ex-governador deixou o Palácio, os grupos começaram a mexer com a expectativa de Poder.
Ou seja, passamos metade de 2018 imersos em disputas eleitorais, com o governo engessado pela legislação, num Estado mergulhado na maior crise de sua história. Como pensar em equilibrar as contas, desenvolvimento, serviços públicos de qualidade, num contexto absurdo como este?
O tocantinense preferiu não continuar com esse agonia paralisante e impediu o segundo turno das eleições ordinárias. Fim dessa tormenta, desse processo amargo que atravanca o desenvolvimento. Governador reeleito. Agora é hora de ação.
Enfim, Carlesse poderá mostrar a que veio com o fim das restrições legais, legitimidado por uma votação gigantesca. É o primeiro governador tampão a conseguir sucesso em eleições para permanecer no cargo, o que confirma a ojeriza da população à via indireta utilizada para efetivar os interinos no poder em 2009 e 2014.
Contudo, a expectativa era de que as primeiras medidas de contenção de gastos para reequilíbrio das contas fossem tomadas no dia seguinte à eleição. Afinal, se Carlesse foi limitado pela legislação no períodos de tensas disputas, tempo para planejar as ações a partir do dia seguinte do fechamento das urnas não faltou.
A sensação, com a pressa do Estado após tanto tempo perdido, é de que está demorando.
CT, Palmas, 17 de outubro de 2018.