Maratonista, o superintendente estadual de Esporte, Juventude e Lazer, Robson Ferreira, assumiu a pasta este ano propondo mudanças que ele diz que, antes de tudo, é conceitual. “Nossa missão é fazer com que o pouco aplicado no esporte seja feito de maneira estratégica e inteligente”, afirmou ao quadro “Entrevista a Distância”. “Precisamos de dinheiro, mas também precisamos organizar a casa.”
Ferreira contou que uma importante ação da superintendência é entender a participação do esporte no PIB tocantinense. “Parar com esse negócio de ver o esporte como profissão de fé. O esporte tem que ser um negócio. Um negócio legítimo, pelo qual pessoas que queiram investir nele ou que já estão nele possam tirar seu sustento de maneira digna”, defendeu.
Para o dirigente, o organizador de evento esportivo tem que ganhar dinheiro. “É uma profissão e, quando ele se aprimora nessa profissão, todos ganham, o Estado e os municípios, através dos impostos; as pessoas que participam da atividade esportiva porque ela vai ser cada vez melhor, ganha o esporte, ganha todo mundo”, avaliou.
Dessa forma, Ferreira contou que o pensamento da pasta hoje é fazer com que o esporte no Estado possa dar o “passo da profissionalização” “Em que o nível de dependência do Poder Público seja cada vez menor, porque, quando a gente capacita esses profissionais, eles vão ter condições, inclusive, de dialogar com a iniciativa privada de uma maneira melhor”, assegurou.
Conselho estadual e calendário
No entanto, o superintendente contou que a desorganização hoje é tamanha que nem os gestores nem esportistas sabem qual é o papel de cada ente nessa cadeia. Por isso, a primeira iniciativa da pasta está sendo a instalação do Conselho Estadual do Esporte. O anteprojeto já está pronto para ser analisado internamente pelo governo e depois será enviado à Assembleia. “O conselho vai ser o local onde toda a sociedade vai estar reunida para poder discutir a política esportiva do Estado”, definiu Ferreira. “Se tem que conversar com tantos atores diferentes, que estão envolvidos direta ou indiretamente nessa cadeia, tem que se criar um espaço para que essa conversa aconteça.”
Para ele, o papel do Estado no fomento dessa cadeia produtiva é dar apoio do ponto de vista técnico, de formação e estrutural, como parceiro. “Assim, o primeiro passo agora é fazer com que toda a cadeia trabalhe com um planejamento”, ponderou.
Com esse objetivo, a superintendência já anunciou para as federações que está trabalhando neste momento o Calendário Esportivo de 2020. Os eventos que vão integrá-lo precisam ser informados à pasta até a primeira semana de outubro. “Tudo que for acontecer no esporte na cidade precisa estar nesse calendário. Dessa maneira vamos dar visibilidade ao esporte. Vai ser criado um portal com todas essas informações e qualquer cidadão do mundo poderá saber qualquer atividade que ocorra em qualquer município do Tocantins”, projetou Ferreira.
Segundo ele, dessa forma, ficará muito mais fácil conseguir apoio para os eventos, junto à bancada federal, através emendas, do governo federal e de grandes empresas. O calendário será anunciado na primeira semana de novembro.
Futebol profissional
O superintendente afirmou que considera o futebol profissional “extremamente importante”, por fazer parte da cultura do povo brasileiro. Ele disse que a pasta está focada em discutir essa cadeia, um debate que, defendeu, precisa ser feito com a Federação Tocantinense de Futebol (FTF). Ferreira já afirmou ao presidente da FTF, Leomar Quintanilha, que assim que encerrar o campeonato deste ano é preciso instalar um fórum de discussão com Estado, clubes, municípios onde estão sediados os principais times, atletas e arbitragem. “Para todo mundo discutir o formato do campeonato, formas de melhorar a arrecadação dos times e de que maneira a gente pode fazer o campeonato ganhar índice técnico”, explicou.
Ferreira, porém, já avisou que a velha fórmula em que o Estado “vem e dá não sei quantos mil reais para cada time” está fora de discussão. “O Estado tem que apoiar, estar no debate, mas não pode ser o financiador do futebol profissional. Não há nem respaldo jurídico para isso”, alertou. “Então, temos que procurar soluções criativas e modernas para que haja um autofinanciamento do futebol.”
Assista a seguir a participação do superintendente estadual de Esporte, Juventude e Lazer, Robson Ferreira, no quadro “Entrevista a Distância”: