As políticas públicas são divididas em Políticas de Estado e Políticas de Governo. As políticas de estado são amparadas pela constituição, devendo ser realizadas independentes dos políticos. As políticas de governo são específicas a cada período do governante, uma vez que há alternância no regime democrático. Por isto que temos decisões dos governos federal, estadual e municipal que nem sempre estão alinhadas. Os maiores problemas ficam para os municípios onde estão as pessoas, o comércio e os serviços. E é onde as pressões contra o isolamento social é maior. As eleições municipais são em outubro, qual decisão tomar?
Esta pandemia é uma gripezinha ou resfriadinho? Muitos cientistas até consideram assim, mas só para os casos de jovens e crianças sem outras doenças. Para maiores de 60 anos e para pessoas com outras doenças é uma infecção pulmonar grave e que pode levar à morte. Estamos vendo, principalmente, em outros países, que pessoas estão morrendo muito rapidamente. A ação do vírus é fulminante para algumas pessoas.
[bs-quote quote=”Se o cenário continuar assim, as empresas de outros países vão comprar grande parte das empresas brasileiras por valores muito inferiores ao que elas valiam no mercado. Infelizmente, o cenário da economia brasileira com o advento da pandemia não é muito favorável” style=”default” align=”right” author_name=”TADEU ZERBINI” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/09/TadeuZerbini180.jpg”][/bs-quote]
A grande discussão e preocupação do Ministério da Saúde é com a quantidade de pessoas infectadas ao mesmo tempo e que venham a necessitar de internação hospitalar, de leitos de UTI e respiradores, o que não existe para todo mundo. Por isto, o isolamento social é necessário para que a contaminação diminua a velocidade e permita que novos leitos e equipamentos sejam disponibilizados. A tal curva de contaminação deve ser pouco acentuada para que se possa atender o máximo de pessoas ao mesmo tempo.
Conforme os especialistas, o antídoto é a contaminação de grande parte da população de forma lenta e monitorada para que o vírus deixe de contaminar outras pessoas. Ninguém sabe quantas pessoas já foram contaminadas pelo vírus e muito menos quantos foram curadas.
Os empresários querem manter seus negócios abertos, os trabalhadores informais querem ir para as ruas defender o pão de cada dia e os governos estão preocupados com a arrecadação de impostos. Quem tem razão? O que seria melhor para a população? Quantas empresas irão fechar? Quantas pessoas perderão o emprego? O que é importante neste instante?
Bem, essas discussões estão em todos os lugares no país e cada um tem uma opinião e temos que respeitar. Muitos estão a favor do Presidente da república e muitos outros estão contra. Só o tempo dirá quem tem razão.
Acontece, que nesta confusão gerada pelo vírus, estão deixando de informar à população quantas pessoas estão morrendo diariamente de outras doenças. Estão politizando a situação em detrimento da população que clama por uma solução humanitária mais eficiente e com mais rapidez.
E o Brasil, depois da pandemia?
A previsão dos organismos financeiros internacionais é de que o PIB brasileiro, depois da pandemia, seja negativo, o que implicará em menos emprego e menor arrecadação. No mês de fevereiro o resultado das contas públicas já apresentou um déficit de mais de R$ 20 bilhões. A bolsa vem caindo sistematicamente desde janeiro e com isto o valor das empresas brasileiras estão valendo muito menos. O dólar está a R$ 5,19, fazendo com que as nossas importações se tornem mais caras. O preço do barril de petróleo despencou no mercado internacional afetando diretamente a Petrobrás e os Estados produtores. A percepção do risco brasil, que estava em níveis excelentes, já foi elevada consideravelmente pelas agências que o calculam. O consumo das famílias continua a diminuir em função da queda de circulação de dinheiro e com isto a arrecadação de impostos vai diminuir consideravelmente, impactando principalmente os Estados e Municípios. A arrecadação de ICMS e ISSQN vai diminuir consideravelmente. Diante deste cenário, milhões de brasileiros desempregados e outros milhões na informalidade acabam por demandarem mais recursos e serviços dos governos.
Os recursos financeiros destinados pelo governo federal às micro e pequenas empresas para que possam continuar abertas, podem esbarrar na questão da inadimplência de mais de 5 milhões de empresas e que por isto estão negativadas. Será que será concedido crédito pelos bancos à essas empresas? Se já estavam negativadas antes do coronavírus, agora vai ficar pior.
Se o cenário continuar assim, as empresas de outros países vão comprar grande parte das empresas brasileiras por valores muito inferiores ao que elas valiam no mercado. Infelizmente, o cenário da economia brasileira com o advento da pandemia não é muito favorável, mas estivemos em situações muito piores e saímos delas.
Precisamos entender que todos tem razão sobre o que deve ser feito, mas temos que pensar na coletividade e apoiar todos os brasileiros que continuam a trabalhar para nos garantirem segurança na saúde, na alimentação e na segurança.
Mas tenho boas notícias para quem mora no nosso Tocantins. Segundo especialistas, o vírus não suporta temperaturas quentes, então vamos para o sol que eles vão morrer muito mais rápido do que nós. Rssss.
Dizem os sábios que a ciência que nega a fé é tão inútil quanto a fé que nega a ciência, portanto vamos continuar com nossas preces e ter fé na ciência e nos governantes para que possamos sorrir logo ali na frente.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br