Caro senador Irajá,
Li sobre o encontro que você teve com o ministro dos Transportes, Renan Filho. É importante pressionar essa gente a resolver um problema causado pela omissão dela. Afinal, a situação precária da Ponte JK é conhecida desde 2016 e relatório de 2020 do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) já apontava 19 tipos de danos estruturais. Nenhum dos três governos que passaram — Michel Temer, Jair Bolsonaro e Lula — fez nada para garantir a segurança dessa travessia. Agora, senador, resolveram virar o Flash e construir a ponte em dez ou nove meses. Detalhe: não há sequer sinal de início das obras até agora. Desculpe, amigo, conversa de pescador do filho do Renan.
Nenhum empreiteiro experiente com quem tenho conversado acredita que essa ponte saia em menos de um ano e meio. Prefeitos da região trucaram. Assim, falar em conclusão em no máximo dez meses é pura enrolação. E, se sair até o final do ano, seria melhor não atravessá-la, sob risco de mais duas dezenas de seres humanos serem sacrificados para glória de Renan, o filho.
Prezado irajá, veja, não deram conta sequer de fazer, em mais de um ano, apenas as cabeceiras para inaugurar a ponte na BR-153, entre São Geraldo do Araguaia (PA) e Xambioá (TO).
Dessa forma, senador, essa declaração do ministro é mais um sinal de que não estão tratando o tema com a devida seriedade. Quer dizer, em toda essa história, a única coisa que sobra é falta de seriedade do ministério que ele comanda e do Dnit dos dois Estados, que não se deram ao trabalho de abrir as gavetas para ler os relatórios sobre a situação da Ponte JK. E, quase 60 dias depois da tragédia que causaram pela completa omissão, ainda deixam as populações dos dois lados e os caminhoneiros sem balsa até hoje, prejudicando o comércio e contribuindo com a destruição de cidades do Bico do Papagaio por onde os veículos pesados tiveram que desviar para prosseguir viagem.
Senador, o senhor ministro deveria nos respeitar ao invés de vir com conversa de pescador. E mais, amigo, o Dnit tem que dizer à sociedade tocantinense o que está fazendo para corrigir os problemas em outras dez pontes federais do Estado cuja situação é também considerada ruim, como a da JK, conforme dados consolidados da Coordenação Geral de Planejamento e Pesquisa do próprio órgão nos relatórios gerenciais de manutenção rodoviária atualizados até julho de 2019 e divulgados pelo jornal Folha de S.Paulo logo após o acidente de dezembro.
Por isso, Irajá, esse ministro bravateiro precisa usar da verdade e da transparência com o Estado e exigir de seus subordinados uma minuciosa verificação em todas as pontes de sua responsabilidade. E, claro, agilizar a investigação interna para mostrar as razões da queda da JK em cujo rio, lamentavelmente, ainda repousam os corpos de três vítimas da irresponsabilidade deste e dos governos que o antecederam.
Saudações democráticas,
CT