Caros eleitores tocantinenses,
É fundamental a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar as fraudes no INSS. É algo inimaginável, em qualquer país sério, que o instituto de previdência tenha de alguma forma facilitado ou tido dirigentes envolvidos em falcatruas contra aposentados e pensionistas. Isso é de uma covardia ímpar e, além dos prejuízos absurdos contra beneficiários carentes, coloca o órgão em total descrédito perante a população. Diante do que tem sido divulgado, que mostra uma profunda fragilidade na segurança do sistema, quem pode ter certeza de que ainda não está sendo roubado de alguma forma?
Por isso, é preciso, sim, várias frentes de investigações — na polícia e na política — para apurar responsabilidades e definir alterações que possam aperfeiçoar o instituto para que algo semelhante não volte a ocorrer. Essas duas medidas — punição e aperfeiçoamento dos processos — é que permitirão o resgate da confiança do cidadão no INSS.
Agora vejo muita gente assanhadinha apontando o dedo da culpa apenas para um lado. Esse descalabro passou por três governos: Michel Temer, o breve; Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva. Ninguém, em nenhum dos três governos, teve a capacidade de perceber que irregularidades bilionárias estariam ocorrendo no instituto, o que só reforça como a segurança do INSS é falha. Assim, seguidores dessas três gestões não têm qualquer moral para julgar o outro.
Porém, CPI no Brasil tem servido de circo para que essa geração de políticos pequenos que nos conduz cegamente faça gracejos para ganhar views em rede social. Não há seriedade, e isso ficou evidente na CPI da Covid e na da Bets, em que assistimos boquiabertos nesta semana parlamentares totalmente despreparados tietando depoente. O que esperar dessa gente senão mais espetáculo circense?
Não tenho dúvida, senhoras e senhores, de que veremos políticos fazendo malabarismo para não explicar o já inexplicável. Acrobatas com seus celulares para selfies e vídeos nas mais diversas posições com o raso intuito de arrancar aplausos do honorável público. Equilibristas tentando fazer média com investigados e, ao mesmo tempo, com a audiência; ilusionistas criando narrativas para nos convencer de que o governo que defende é puro e que culpado é só o adversário; e domadores procurando amansar os poucos leões que agirão com seriedade durante os trabalhos.
Ao final, a CPMI não irá a lugar algum, seu membros comerão juntos uma deliciosa pizza e descobriremos que fomos nós os palhaços desse grande, e caro, espetáculo circense.
Mesmo assim, a CPMI, apesar de todo esse show de enganação, é importantíssima para que, das graças, acrobacias e ilusionismo, racionalmente, possamos tirar informações que nos permitam ter pelo menos um vislumbre do que ocorreu nesses anos de profunda roubalheira no INSS.
Saudações democráticas,
CT