Cara prefeita Cinthia,
Seu mandato terminará em menos de 30 dias e ele deveria ser tocado em conjunto desde outubro, quando os palmenses elegeram seu sucessor, Eduardo Siqueira Campos. Primeiro porque qualquer medida que você tomar agora vai interferir diretamente na nova gestão e, segundo, trata-se de um prefeito eleito que você apoiou com toda a força na última etapa campanha. Logo, é totalmente incoerente qualquer medida unilateral nos estertores de seu governo. E é o que parece estar ocorrendo.
Não há a menor lógica em fazer eleição para diretor de escolas no apagar das luzes de sua gestão. Ainda mais considerando que os eleitos serão submetidos a lista tríplice, o que significa que a escolha de quem dirigirá as unidades, ao final, recairá sobre o prefeito, que, portanto, vai preferir alguém de sua confiança. Como o mandato é de três anos, e não de 20 dias, é uma interferência indevida realizar o processo agora. Se você fosse sucedida por um adversário até entenderia esse atropelo, pelos meandros políticos. Mas, como não é o caso, por que não deixar a escolha para Eduardo, já que é ele quem vai conviver com esses diretores pelos próximos três anos?
Da mesma forma, o Programa de Recuperação de Créditos Fiscais, o Refis, que iniciaria nesta segunda-feira, 2, mas sabiamente suspenso pelo TCE, decisão ratificada pelo TJ. Como uma gestão que está apagando as luzes toma iniciativa de antecipar ativos futuros, numa outra inoportuna interferência num governo que sequer começou? Essa é uma medida que precisaria ser discutida e aprovada pela equipe transição e pelo próximo prefeito. É até inacreditável que isso seria feito sem a anuência de Eduardo.
E algo que não consegui entender: a manobra da prefeitura esperada pelos empresários para meter a mão nos R$ 6,3 milhões do Fundo de Inovação e Desenvolvimento de Palmas, o Fidep, para custear a decoração natalina. Tudo bem, admito, sou totalmente leigo no assunto, mas, como se trata de um evento que se tornou tradicional no nosso fim de ano, não deveria haver previsão orçamentária e financeira para arcar com essa despesa? A prefeitura não tem se gabado de ter triplo A junto à Secretaria do Tesouro Nacional, sintoma inequívoco de excelente saúde financeira? Então, por que pegar dinheiro de um fundo que tem finalidade específica, e que não é bancar a festa natalina da cidade? O cidadão pode começar coçar a cabeça preocupado e questionar a real situação das finanças municipais diante desse conjunto de coisas: o desespero para fazer o Refis e para pôr a mão numa grana carimbada para outros fins.
Ainda teve o contrato por seis meses, de R$ 14.034.669,98, com a empresa Vólus Instituição de Pagamento Ltda. para manutenção e gerenciamento da frota de veículos utilizados no transporte público. Isso foi discutido com a equipe de transição? Quem pagará será o novo governo.
Cara prefeita, sabe do respeito que tenho por você, mas, a menos de 30 dias para deixar o comando de Palmas, resta-lhe poucas coisas a fazer. As mais importantes são disponibilizar todas as informações do município aos futuros gestores, garantir que a transição seja a mais tranquila possível e que seu sucessor encontre a casa bem arrumada. Por isso, é fundamental que nenhuma medida extraordinária seja tomada sem o aval do próximo prefeito. Afinal, as consequências recairão sobre ele.
Fora isso, sua preocupação deve ser limpar as gavetas e evitar conflitos e problemas para o novo gestor. Você fez sua parte, sai com boa aprovação dos palmenses. Que tal, então, contribuir para que a chegada do novo governo ocorra sem solavancos, cujos impactos serão sentidos não só pelo prefeito que vai entrar, mas, principalmente, por toda a população?
Saudações democráticas,
CT
