O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), com o ofício enviado à Câmara em que apresenta sua renúncia a partir das 8h45 do dia 3 de abril, faz, na verdade, uma provocação ao também pré-candidato a governador Ronaldo Dimas (PR). O documento, que não tem nenhum valor legal e pode ser, por isso, retirado a qualquer momento, chega ao Legislativo um dia após o presidente da Câmara de Araguaína, Marcus Marcelo (PR), despejar um tsunami de água fria sobre aqueles que apostam no nome de Dimas.
[bs-quote quote=”É lógico que o Amastha de 2018 não é o Amastha de 2012. Deixou de ser novidade, entrou na vala comum das práticas que dizia lhe causar repugnação” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Amastha fez um gesto parecido no início de dezembro, na semana em que o prefeito de Araguaína lançou sua pré-candidatura. Prevendo as dificuldades que o republicano teria para renunciar, pelo perfil meticuloso e cuidadoso do colega da capital econômica do Tocantins, o prefeito da Capital ligou para este colunista e anunciou em primeira mão que renunciaria às 8h45 de 3 de abril. É o estilo do pessebista, muito afeito à provocação gratuita aos adversários. Não é à toa que a fila de seus inimigos só cresce.
De toda forma, Amastha se aproveitou do esfriamento da pré-candidatura de Dimas para esquentar a dele, num momento em que grande parte dos políticos não acreditava que renunciaria, sobretudo depois do profundo desgaste da desastrosa pré-campanha do prefeito nos dois primeiros meses de 2018.
Se enganaram. Amastha se colocou num caminho sem volta em dois momentos: ao dar dia e hora para a renúncia e com este ofício à Câmara de Palmas. Se não deixar o cargo agora, o prefeito sairá desmoralizado do processo eleitoral e, independente do que ocorrer em outubro, será o maior derrotado de 2018. Além de ter feito o papel de moleque e irresponsável ao recuar depois de oficializar sua renúncia ao Poder Legislativo. Sinceramente, não acredito que Amastha se submeterá a isso.
Então, aqueles que ele chama de “velha política” têm um problemão. Afinal, enquanto patinam olhando para os seus umbigos e não para o projeto maior de outubro, Amastha volta a navegar em mares tranquilos apostando que a crise do IPTU, do PreviPalmas e outras já estarão esquecidas dentro de algumas semanas. E não está errado. É típico do brasileiro.
Dessa forma, vai se ressaltar a boa imagem que o “novo marketing” soube construir em torno da administração de Palmas.
É lógico que o Amastha de 2018 não é o Amastha de 2012. Deixou de ser novidade, entrou na vala comum das práticas que dizia lhe causar repugnação, está indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva e associação criminosa, enfrenta denúncias, suspeitas. Enfim, a “nova política”, na verdade, é a “velha política” com uma roupagem modernizada pelo marketing, mas com o mesmíssimo modus operandi.
O que sobra do Amastha de 2012 é a coragem de ousar e o foco num projeto maior, justamente o que falta aos políticos tradicionais do Tocantins, que continuam pensando apenas em si próprios. Por isso mesmo caminham a passos largos para levar a terceira taca nas urnas do prefeito de Palmas.
CT, Palmas, 7 de março de 2018.