Desde o fim do primeiro turno da eleição suplementar que a base do governador Mauro Carlesse (PHS) vem crescendo de forma exponencial. Ele surpreendeu ao terminar 46 mil votos à frente do segundo colocado. Naquele momento, os líderes passaram a apostar na força da máquina do Estado e a correr em fartos volumes em direção ao Palácio Araguaia.
A suplementar acabou com uma vitória histórica de Carlesse, a maior diferença já registrada desde 1988 entre o primeiro e o segundo colocados. Isso fez a liderança migrar ainda mais rapidamente para o governo. Dessa forma, a base palaciana inchou absurdamente e, como afirmou o prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (sem partido), ao CT nessa terça-feira, 28, a ponto de ficar fora de controle.
[bs-quote quote=”A situação está da seguinte forma: o líder apoia Carlesse e pelo menos um senador de outra chapa. Isso se disseminou e são pouquíssimos os prefeitos, por exemplo, que pedem voto para outros candidatos a governador, mas sempre estão com um ou os dois senadores de outra coligação” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
A coluna já tinha alertado logo após a suplementar que o grande desafio do governador era administrar esta base inflada. Não é fácil. A situação está da seguinte forma: o líder apoia Carlesse e pelo menos um senador de outra chapa. Isso se disseminou e são pouquíssimos os prefeitos, por exemplo, que pedem voto para outros candidatos a governador, mas sempre estão com um ou os dois senadores de coligação não palaciana.
Esse cenário fez crescer os olhos dos candidatos proporcionais. Com isso, o adultério eleitoral se generalizou. Nas palavras de Dimas: “Essa questão das alianças está fora de controle, deveria haver uma unidade neste momento, mas não há”.
A coluna apurou que esta é a questão de fundo da decisão dele de declarar apoio a Irajá Abreu (PSD) ao Senado, depois de ter feito compromisso com César Halum (PRB), que apanhou de tabela.
Nos bastidores, a história é a seguinte: Dimas indicaria o candidato a vice de Carlesse para outubro. Mas abriu mão para que Wanderlei Barbosa (SD) continuasse no cargo e, em troca, o filho do prefeito, Tiago Dimas (SD), candidato a deputado federal, teria o apoio dos candidatos a deputado estadual Glaydson Nato (PHS), em Gurupi, e do filho de Wanderlei, Léo Barbosa (SD), em Palmas.
Tiago teria ido a Gurupi na segunda-feira, 27, e flagrado Glaydson com deputado federal Carlos Gaguim (DEM) e depois seguiu para a Capital, onde Leo estava com candidato a federal Diogo Fernandes (PSD). Ao relatar o suposto adultério para o pai, Dimas ligou para Halum e a crise começou. Assim, o candidato a senador do PRB pagou sem dever.
A turma do deixa disso entrou em cena. Outro candidato a senador dos governistas, Eduardo Gomes (SD), muito amigo de Dimas, falou com Carlesse nessa terça-feira, 28, e as discussões estão ocorrendo para tentar aplainar o terreno.
Como fez quando a coluna alertou pela primeira vez sobre os descompassos na base, importantes governistas pediram muita calma nesta hora. “Tudo se ajusta no final. Essa fase de posicionamento é assim mesmo”, minimizou um deles.
Como estas eleições estão estranhas. O candidato da oposição que preocupava o governo, Carlos Amastha (PSB), tem contribuído com a campanha governista, com ações descompassadas, se portando, assim, como o melhor cabo eleitoral do Palácio; e os aliados de Carlesse são responsáveis pelos únicos fatos negativos da campanha governista.
Dá para entender?
CT, Palmas, 29 de agosto de 2018.