Enquanto os dois que foram ao segundo turno se digladiam, os derrotados do dia 3 vivem o drama shakespeariano de ser ou não ser candidato em outubro. Se movimentam, conversam muito, mas a verdade é que os projetos deles estão em suspenso até o dia 24, quando os eleitores decidirão quem assumirá o mandato tampão.
A exceção é o ex-juiz e advogado Márlon Reis (Rede), que só tem a ganhar colocando seu nome na disputa. A eleição lhe dá uma vitrine que de outra forma não teria, por isso, disputará e já prospectando a possibilidade de ter uma votação superior aos incríveis quase 57 mil votos do primeiro turno da eleição suplementar, para o desespero do ex-prefeito de Palmas Carlos Amanha (PSB), que é quem perde diretamente com o fenômeno Márlon Reis. Tanto que Amastha, que era só elogios ao nome da Rede, já colocou o ex-juiz no rol de políticos a serem atacados. Em Gurupi lançou várias ironias contra o adversário, chamando-o, por exemplo, de “o fichinha limpinha”.
Fora o pré-candidato da Rede, Amastha, a senadora Kátia Abreu (PDT) e outros interessados terão que esperar o que vai sair das urnas no dia 24.
Podemos pensar cenários possíveis da variação de três resultados factíveis:
1) Mauro Carlesse (PHS) vai muito além do excelente resultado do primeiro turno, quando venceu com mais de 46 mil votos de frente sobre Vicentinho Alves (PR) e Amastha;
2) Carlesse vence, mas com margem apertada;
3) Vicentinho consegue virar o jogo e vencer.
No primeiro caso, uma vitória ainda mais expressiva do governador interino espantaria os demais adversários. Carlesse, que já saiu de um primeiro turno com muita musculatura, poderia terminar o segundo com a maior votação da história das eleições de governador do Tocantins.
Dessa forma, o arco de aliança em torno de sua pré-candidatura em outubro só tenderia a aumentar, tornando-o um nome difícil de ser batido. Neste cenário, o projeto eleitoral de Carlesse dependeria mais dos erros e acertos dele mesmo do que das ações de seus adversários.
Outros nomes, então, não serão candidatos com este quadro? Poderão até ser, nada impede. Mas, provavelmente, com a derrota conhecida de antemão.
[bs-quote quote=”A ventilação de uma candidatura em outubro de Amastha, Kátia ou qualquer outro nome neste momento é mera especulação. Tudo depende que vai ocorrer no dia 24″ style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Se Vicentinho conseguir avançar terrenos e perder por margem apertada, seria forte candidato em outubro, mas essa divisão da “velha política” entre ele e Carlesse, fortalecidos, aguçaria a vontade de Amastha de arriscar, Kátia também poderia se animar, bem como um outro nome. Teríamos um quadro parecido com o que vimos no primeiro turno da eleição suplementar, em número de candidatos e competitividade.
Da mesma forma se Vicentinho conseguir reagir e vencer no dia 24. Deste cenário, contudo, possivelmente Carlesse estaria excluído. Sem a caneta na mão, ficaria difícil manter a musculatura que construiu em torno de sua candidatura, e seu grupo pulverizaria entre Vicentinho, Kátia e Amastha.
O ex-prefeito dá sinais de que está aprendendo com os erros cometidos ao desdenhar da força dos líderes do Estado na decisão do voto. Seus aliados agora falam que ampliar o leque de alianças, atraindo nomes da “velha política” para o palanque, seria a única forma de conquistar os eleitores de que Amastha precisa para ir a um segundo turno e até vencer as eleições de outubro.
Os números levantados pelo CT após o primeiro turno colocam essa constatação de forma matemática: a “velha política”, aquela que é feita pela força dos líderes nos municípios, sobretudo no interior profundo do Estado, ficou com quase 70% dos votos válidos. Se Amastha não mudar o discurso, rever o preconceito de que a maioria dos políticos tocantinenses é “vagabunda”, as chances dele vencer uma eleição apenas com a boa votação que tem nos centros maiores são quase nulas. Pode até, eventualmente, ir para um segundo turno, mas não vai além disso. Assim, estão certos seus articuladores ao pedirem que ele contenha a verborragia contraproducente.
De toda forma, a ventilação de uma candidatura em outubro de Amastha, Kátia ou qualquer outro nome neste momento é mera especulação. Tudo depende do que vai ocorrer no dia 24. Afinal, não se trata apenas de disputar uma eleição, mas de colocar em risco todo um projeto político de longo prazo.
CT, Palmas, 13 de junho de 2018.
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P.S.: Um amigo lembra que haverá pressão das direções nacionais de partidos com presidenciáveis para que os diretórios nos Estados lancem candidatos, o que obrigaria Kátia, pelo PDT, e Amastha, pelo PSB, disputarem. Mas observo a possibilidade de colocarem outros nomes que não necessariamente os deles, no caso do cenário 1, com Carlesse extremamente fortalecido. Além disso, acredito que, ainda que disputassem, o resultado não fugiria do previsto neste Bom Dia.