O desmanche do chamado núcleo de Brasília da gestão Cinthia Ribeiro (PSDB) abriu a possibilidade de a prefeita dar o viés político que a sua administração precisa para ganhar musculatura para as eleições municipais de 2020. Dos quatro brasilienses, três deixaram o governo da Capital — os ex-secretários de Finanças, Guilherme Ferreira, e o extraordinário de Assuntos Estratégicos, Captação de Recursos e Energias Sustentáveis, César Guimarães, além da ex-presidente da Agência de Regulação e Controle (ARP), Juliana Nonaka. Resta firme e forte a publicitária Deborah Lobo, que comanda a Secretaria de Comunicação.
[bs-quote quote=”O que se vê, porém, é Cinthia ainda presa à agenda institucional. Claro que isso é parte direta do ofício, mas não pode ser exclusiva. É preciso uma agenda política intensa e, em alguns aspectos, até mesmo agressiva, por uma lógica pragmática” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/07/ct01-jorge-eugenio-60.jpeg”][/bs-quote]
Os três que foram embora tiveram papel muito importante no primeiro ano da administração Cinthia. A prefeita assumiu a gestão em abril de 2018 achando, pela marquetagem em vigor, que encontraria dinheiro sobrando nos cofres, quando encontrou foi mesmo apenas uma pequena parte do orçamento do ano, porque o resto tinha sido gasto com contas de 2017.
Neste momento de sufoco, a participação competente do ex-secretário Guilherme Ferreira na Casa Civil foi de fundamental importância para reequilibrar as contas do município. Os resultados foram excelentes, e prova disso foi, por exemplo, o pagamento dos direitos trabalhistas dos servidores em atraso.
César Guimarães, inicialmente na Secretaria de Governo e Relações Institucionais, também foi peça estratégica para que o Paço reconstruísse a relação com a Câmara, após cinco anos de confrontos e desgastes desnecessários do Executivo municipal. O ex-secretário também foi bem-sucedido nessa missão e prova foi aprovação de todas as matérias de interesse do governo municipal, ainda que haja alguns embates, mas nada fora do normal.
No entanto, como a coluna tem insistido há muito tempo, Cinthia, para se tornar competitiva em 2020, precisa se projetar para além do prédio da JK ou do sossegado gabinete do antigo AMA. O secretário de Governo e Relações Institucionais, Carlos Braga, disse em entrevista ao CT, assim que assumiu, que essa era uma de suas principais missões: levar a prefeita para os bairros e torná-la mais conhecida na ponta, diante das lideranças locais. São esses líderes que fazem de uma gestão bem-quista, ou não, diante da comunidade.
O que se vê, porém, é Cinthia ainda presa à agenda institucional. Claro que isso é parte direta do ofício, mas não pode ser exclusiva. É preciso uma agenda política intensa e, em alguns aspectos, até mesmo agressiva, por uma lógica pragmática, para conquistar espaços em que os adversários dela já transitam porque há décadas os frequentam.
A saída do núcleo de Brasília deve deixar Carlos Braga mais à vontade para cumprir esse papel de aríete, abrir as brechas e garantir o lugar de Cinthia na política dos bairros. Afinal, neste novo cenário, em que a gestão tem tudo para colocar o viés político como prioridade no seu radar, o que se espera é que Braga ganhe o protagonismo de que precisa para fazer a prefeita marchar célere rumo a 2020.
E, como já se disse aqui, não será um trabalho fácil. Afinal, os adversários já sabem que a dificuldade de agregar musculatura é o tendão de Aquiles de Cinthia e farão de tudo para impedir sua projeção pelo município.
CT, Palmas, 8 de julho de 2019.