O surpreendente discurso do presidente da Câmara de Araguaína, Marcus Marcelo (PR), na tarde dessa segunda-feira, 4, foi recebido de duas formas: como resultado de uma disputa interna pelo espólio do prefeito Ronaldo Dimas e também como reflexo do sentimento do pré-candidato a governador do PR e seu grupo.
É fato que existe uma rivalidade entre Marcus e o deputado estadual Elenil da Penha (MDB) sobre o dia seguinte à renúncia de Dimas. Ambos têm os olhos voltados para Prefeitura de Araguaína em 2020 e Elenil sairia à frente com o prefeito deixando o mandato para entregar o cargo a um homem ligado umbilicalmente ao deputado, o vice-prefeito Fraudineis Fiomare Rosa (PSB).
Assim, nos bastidores da política araguainense entende-se que a permanência de Dimas à frente da prefeitura agrada o presidente da Câmara nesta disputa pessoal com Elenil.
Sobre o outro aspecto, a insatisfação de Dimas com os rumos da pré-campanha, também é fato. O prefeito colocou seu nome na corrida sucessória, visitou todo o Estado, apresentou seu projeto de governo aos líderes, e entende que agora é o momento de os partidos se posicionarem.
Ou seja, para renunciar, Dimas não quer apenas o apoio — que está tendo e considera fundamental — do PR, mas que um grupo de partidos se junte a ele, avalizando sua decisão de deixar o cargo.
Aliados do prefeito contam que duas pesquisas foram realizadas nos últimos dias, por institutos diferentes, que mostrariam um crescimento exponencial do nome do republicano, embolando a corrida sucessória, com quatro candidatos em situação de empate técnico — Dimas, Carlos Amastha (PSB), Marcelo Miranda (MDB) e Kátia Abreu (sem partido). Por isso, apostam que o prefeito araguainense ainda tem muito a evoluir no processo eleitoral e, dessa forma, é fortíssimo candidato a vencer em outubro.
Contudo, o republicano não quer renunciar e partir para uma aventura praticamente em carreira solo. Para Dimas, esse é um projeto que precisa ser de grupo.
Já dirigentes partidários afirmaram à coluna na noite dessa segunda-feira que entendem que o movimento deve ser inverso. Isto é, Dimas deveria renunciar primeiro para se mostrar disposto a ir para o enfrentamento. Então, os partidos o acompanhariam. Contudo, aliados do pré-candidato republicano veem essa inversão com muita desconfiança. Para eles, se o prefeito renunciar sem o apoio público de um grupo de partidos, se tornará alvo de pressões financeiras das legendas assim que deixar o cargo, e estará, dessa forma, fragilizado.
De toda forma, apoiadores de Dimas garantem que ele não jogou a toalha e que continuará discutindo a necessidade de se fortalecer um projeto que não entendem como pessoal, mas de Estado.
Mas, no caso de uma desistência de Dimas, quais seriam os impactos na corrida sucessória? O primeiro é que o PR se tornaria o fiel da balança e seria disputado, principalmente, pelo governador Marcelo Miranda e pela senadora Kátia Abreu. A expectativa é de que essas duas pré-candidaturas seriam as maiores beneficiadas e se fortaleceriam com um postulante a menos no campo da política tradicional do Estado.
Apesar das inúmeras conjecturas que surgirão a partir de agora, os aliados de Dimas reforçam que ele não recuou e que continuarão insistindo que o republicano tem o melhor nome e o melhor projeto para o Tocantins.
No entanto, martelam num ponto que consideram crucial: os partidos que têm compromisso com o Estado precisam apostar nisso antes do dia 7 de abril.
CT, Palmas, 6 de março de 2018.