Não só o governador Mauro Carlesse (PHS), mas também seus secretários vendem otimismo sobre o futuro da gestão do Estado. Eles se dizem convictos de que as medidas de ajuste empreendidas pelo Palácio Araguaia desde o final das eleições de outubro garantirão ao Tocantins as condições necessárias para que possa, pelo menos a médio prazo, voltar a investir.
No final de todo o esforço de ajuste, esse é o objetivo maior, além, claro, de assegurar que o Executivo possa manter os hospitais com insumos necessários, voltar a folha do funcionalismo para o último dia útil do mês e garantir o pagamento dos fornecedores razoavelmente em dia. É o que se espera de uma máquina pública azeitada, minimamente eficiente.
[bs-quote quote=”Se todas essas variáveis contribuírem, Carlesse chegará às eleições do ano que vem com aprovacão suficiente para ser disputado em palanques por todo o Estado. É assim que funciona” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Se tudo isso ocorrer, lá na ponta, o cidadão sentirá que o Estado vai bem. Claro, ao procurar os hospitais, delegacias, escolas e órgãos públicos em geral terá um atendimento razoavelmente adequado; o servidor estará mais animado com o pagamento de seus salários em dia e a economia se movimentará mais robusta com a injeção de recursos advindo de todos esses processos de ganhos de eficiência, com um plus: o recebimento mais ou menos em dia dos serviços prestados pelas empresas ao Poder Público.
Esse é o mundo perfeito com que sonha o governo Mauro Carlesse. Claro que, drummoniamente, há muitas pedras no meio do caminho. O primeiro é a necessidade de um acordo para resolver o passivo absurdo do Estado com os servidores, que, juntando todas as demandas e benefícios atrasados, deve girar em torno de R$ 2,6 bilhões.
Além desse fator externo, o governo vai ter que segurar as pressões internas parar inchar a folha novamente com o vício que temos de abrigar cabos eleitorais de prefeitos e deputados. Esses aliados virão com toda força a partir de agora, já que a nova estrutura da máquina e o orçamento do ano foram aprovados.
Também é preciso saber o tamanho, e se vai realmente ter como se promete, do socorro do governo federal. Enquanto isso não se define, a aprovação da PEC do Orçamento Impositivo foi uma boa notícia para Carlesse, já que o deputado federal Carlos Gaguim (DEM), relator da proposta, estima um aporte de R$ 340 milhões ao ano para o Tocantins.
No setor de obras, o governo fala de fazer operação tapa-buracos por todo o Estado, assim que a chuva der uma trégua. Palacianos garantem que o dinheiro já está em caixa. Ainda existe a expectativa de colocar as mãos nos quase R$ 600 milhões do financiamento da Caixa Econômica Federal, com a melhora do desempenho fiscal do governo, um esforço enorme da gestão, inclusive, contando com o atraso deliberado da aprovação do orçamento para polir o resultado do primeiro quadrimestre. Essa operação com a Caixa prevê uma derrama de investimentos por todo o Estado. Além de grandes obras, como os Hospitais de Gurupi e Araguaína, inclui mais de R$ 1 milhão para cada um dos 139 municípios.
Se todas essas variáveis contribuírem, Carlesse chegará às eleições do ano que vem com aprovacão suficiente para ser disputado em palanques por todo o Estado. É assim que funciona: quando o governador é bem visto, todos os candidatos o querem por perto. Caso contrário, fingem que não o conhecem.
Os ex-governadores Siqueira Campos (DEM) e Marcelo Miranda (MDB) experimentaram essa rejeição nas últimas eleições municipais. O primeiro em 2012 e o segundo em 2016.
O pragmatismo desse termômetro político não é sujeito a enganos. Se em 2020, Carlesse for querido nos palanques, o ajuste do Estado foi bem-sucedido; se seus candidatos lhe pedirem para não comparecer em suas cidades, a reforma foi derrotada, e o Estado terá muito mais turbulências fiscais pela frente.
Simples assim.
CT, Palmas, 9 de abril de 2019.