Com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins (TRE-TO) de barrá-lo, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), neste momento, não é candidato, mas está candidato. Pode ser que dentro de alguns dias consiga reverter o jogo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ou, ao contrário, a decisão do indeferimento de sua candidatura seja até mantida. Mas pode não ocorrer nem uma coisa, nem outra. Isso porque o tempo será escasso e o primeiro turno já se avizinha.
Se tem algo certo nesse episódio é o prejuízo político irreversível da candidatura de Amastha. O grande problema de ser candidato com liminar ou com o registro indeferido é que a pauta do candidato muda por imposição externa. Ele perde o controle dela. Ou seja, ao invés de discutir propostas e experiência, ela terá primeiro que tentar provar a todo instante que é candidato. Mas o fato de estar e não ser candidato justifica que eleitores e líderes questionem a todo momento: como votar ou apoiar alguém que hoje está e amanhã pode não estar?
[bs-quote quote=”Na verdade, tudo que era para dar de errado nesta caminhada de Amastha deu e foi além” style=”default” align=”left” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Veja: Amastha vai se encontrar com um líder que tem simpatia pela candidatura dele. Pedirá apoio, mas aí vem a inevitável pergunta: “Você é mesmo candidato? Não teve o registro indeferido?”. Claro que o ex-prefeito poderá até criar uma teoria da conspiração para justificar a decisão do TRE-TO e finalizar dizendo que já vai recorrer ao TSE. Então, virá a segunda pergunta inevitável: “Mas vai conseguir reverter lá em Brasília?”. Qual garantia o candidato do PSB pode dar ao líder simpatizante? Resta a ele apenas empenhar a palavra de que vai dar tudo certo. Garantia, zero.
Pior que isso são os adversários, esses danados. Nessa terça-feira, 15, menos de 30 minutos após a decisão do TRE-TO, já recebi no WhatsApp uma mensagem que dizia: “Amastha não é mais candidato. A verdadeira mudança agora é fulano”. Se recebi, milhares também leram o texto em seus celulares. Isso é disseminado em verdadeira metástase pelas redes sociais.
Então, o ex-prefeito e sua equipe ficarão atrás de desmentir, e é o que mais farão nos próximos 18 dias que restam para o primeiro turno. Isso é terrível numa campanha eleitoral normal, e nesta extremamente curta é fatal. Claro que Amastha e os seus devem minimizar, pregar otimismo, certeza da reversão e até da vitória. Mas é muito pouco provável que conseguirão evitar danos inexoráveis ao seu projeto.
Na verdade, tudo que era para dar de errado nesta caminhada de Amastha deu e foi além. Os profundos desgastes na pré-campanha, com IPTU, PreviPalmas, etc. Depois vem eleição suplementar, uma surpresa nenhum pouco grata a ele, por conta desse debate da desincompatibilização. Inicia então uma campanha esvaziada, com seu ônibus chegando numa cidadezinha como um disco voador, algo totalmente estranho à comunidade.
Em seguida, a tragédia das mais horrorosas, quando todos perdemos nosso amigo Júnior Coimbra e Amastha ficou sem seu único articulador que tinha capilaridade por todo o Estado. Por fim, essa decisão do TRE-TO.
Parece que o mundo superior disse o tempo todo que Amastha deveria mesmo ter ficado na prefeitura, mas ele preferiu não escutar.
CT, Palmas, 16 de maio de 2018.