A polêmica em torno da imitação de humorista que se apresentará em Palmas era tudo que o desqualificado queria para encher o teatro. A falta de talento exige dele e de outros de sua geração o exercício de um humor ácido, agressivo, difamatório e preconceituoso para conseguir polemizar e lotar seus espetáculos. Sem essa “melancia” no pescoço jamais estariam na TV.
O Brasil tem uma tradição de humoristas de enorme talento, desde Grande Otelo, Oscarito e Mazzaropi, passando por Renato Aragão e seus Trapalhões, Costinha, Ary Toledo, Chico Anysio, talvez o maior de todos; Jô Soares, Agildo Ribeiro, Ronald Golias e Tom Cavalcanti. Enfim, um sem-número de artistas de incrível talento, que não precisavam agredir pessoas e cidades para se sobressair.
[bs-quote quote=”Avalio como um erro qualquer medida contra ele, porque lhe dá uma importância que não tem para a cultura brasileira, para o humor brasileiro, para o teatro e para a TV. Ele não significa nada, e dentro de poucos anos ninguém se lembrará de sua inexpressiva existência” style=”default” align=”right” author_name=”CLEBER TOLEDO” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Não há dúvida de que temos hoje gente de muita aptidão para nos fazer rir, mas o grupo representado por esse tipo sem graça de humorista tenta ofuscá-la impondo sua presença pela força do mau humor, no sentido literal e figurativo. Não se trata de crítica aos costumes e à sociedade, mas lembra aqueles garotos bem-nascidos que praticavam bullying com os mais fracos e os mais pobres. Esse é perfil exato desse tipo que se autodenomina humorista.
Humorismo crítico e cheio de graça quem fazia eram Jô Soares no final dos anos 1970 e início dos 1980; depois os inesquecíveis TV Pirata, Casseta & Planeta e a Grande Família. Temos aqui um caleidoscópio de valores artísticos que jamais serão esquecidos e dos quais esse tipo que ataca pessoas e cidades para encher teatro não é digno nem de desamarrar as sandálias.
Por isso avalio como um erro qualquer medida contra ele, porque lhe dá uma importância que não tem para a cultura brasileira, para o humor brasileiro, para o teatro e para a TV. Ele não significa nada, e dentro de poucos anos ninguém se lembrará de sua inexpressiva existência.
Assim, por óbvio, Palmas é muito maior do que esse insignificante. O que representa nossa cidade, ao contrário do que ele destilou com seu preconceito e a falta de talento e graça, não são “mulheres-piranhas”, crack no Taquari, bairro humilde mas de homens e mulheres de valores, ou os maus políticos, que existem em todo o Brasil, não só no Tocantins. Temos problemas sérios, como todo lugar, desafios a serem vencidos, mas estamos determinados a encará-los e superá-los.
O que representa nossa Palmas são as belezas naturais exuberantes, uma boa gente acolhedora e o progresso, já que somos a cidade que sempre apresenta índices invejáveis de crescimento em todas as áreas.
Esse simulado de artista conseguiu cravar uma polêmica para encher teatro e achar que as pessoas estão lá porque ele tem algum valor artístico. Tudo bem. Deixe que se engane. Não vai muito tempo, sumirá e ninguém saberá que um dia existiu.
Ao contrário de Palmas, que continuará sua rota de desenvolvimento, recebendo brasileiros de todos os cantos e se tornando cada dia mais linda e próspera.
CT, Palmas, 11 de julho de 2019.