Em reunião com vereadores em setembro, o prefeito de Palmas e pré-candidato a governador, Carlos Amastha (PSB), disse que estava “impressionado” com o desenvolvimento de Araguaína sob a gestão do prefeito Ronaldo Dimas (PR), também hoje na corrida pelo Palácio Araguaia. Amastha ainda concordou com um dos participantes da reunião de que o agora adversário seria uma “excelente opção” para o Senado em sua chapa.
Os dois, Amastha e Dimas, jantaram tempos depois, em novembro, em Palmas. O líder palmense propôs uma aliança com com o colega de Araguaína. Realmente queria Dimas na sua chapa de senador.
Dias depois desse jantar, o prefeito de Araguaína anunciou sua pré-candidatura e o clima de amistosidade foi embora. Ambos passaram a trocar leves farpas pela imprensa, mas numa relação ainda cordial. Contudo, o tempo esquentou esta semana, quando Amastha, querendo se agarrar em algo para não chafurdar de uma vez e sozinho no lamaçal do PreviPalmas, tentou puxar Dimas para a crise que criou com a previdência dos servidores. O PSB, partido de Amastha, requentou uma denúncia do ano passado contra o instituto de previdência dos servidores de Araguaína, o Impar, com uma mensagem subliminar a la PT dos tempos de Mensalão e Petrolão: “Antes queria ser diferente e melhor, agora quero mostrar que somos todos iguais”, leia-se nas entrelinhas.
[bs-quote quote=”Por que atacar Dimas, que vive dias de dúvidas hamletianas do ser ou não ser candidato?” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Cleber Toledo” author_job=”É jornalista e editor do CT” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/CTAdemir60.jpg”][/bs-quote]
Como reação, o vice-prefeito de Araguaína, Fraudineis Fiomare, anunciou que está deixando o PSB, rompendo o único laço que ainda aproximava Amastha do grupo de Dimas.
No meio político, o ataque frontal inesperado de Amastha a Dimas foi visto com três mensagens implícitas. A primeira foi esta de que o líder palmense não quer afundar sozinho nas peripécias de sua gestão sobre a previdência dos servidores municipais. As barbaridades cometidas no PreviPalmas estão mais do que provadas, repetindo exatamente o mesmo percurso espinhoso feito há quatro anos pelo Igeprev. As constatações da comissão do Conselho Municipal de Previdência (CMP) deixa isso muito cristalino. Sem o que justificar, Amastha procurou tragar Dimas para o buraco em que entrou.
Outro recado do tiro disparado via PSB é que Amastha acredita que o prefeito de Araguaína possa mesmo renunciar e sua pré-candidatura virar coisa séria. Afinal, por que atacar Dimas, que vive dias de dúvidas hamletianas do ser ou não ser candidato?
Terceiro recado do ataque é que o prefeito de Araguaína pode ter ganhado corpo e passou a ser problema. Amastha é disciplinado em termos de pesquisa, e guiado por elas. Assim, o que se lê também do fato de Dimas ter se tornado alvo é que ele alcançou números perturbadores e as agressões do PSB tentaram funcionar como míssil antiaéreo.
De toda forma, se é certo de um lado que o prefeito de Araguaína avançou em busca de apoios, com as boas conversas que teve com DEM, SD e PPS; de outro lado, Dimas ainda permanece cercado de dúvidas e receios sobre a renúncia necessária do dia 7 de abril, que se aproxima aceleradamente. “O Dimas tem muitos grandes projetos em andamento, então, há o que temer sobre a renúncia. O Amastha não tem essa preocupação, pode renunciar porque não deixa nada de grandioso. Qual o grande projeto dele em andamento? Os que tentou fracassaram, casos do shopping a céu aberto, BRT e estacionamento rotativo”, atirou de volta um aliado do prefeito araguainense.
É a polarização pré-eleitoral. Se Dimas for mesmo candidato, esta primeira bateria de tiros foi só um aperitivo.
CT, Palmas, 21 de março de 2018.