Dos bastidores da reunião do MDB, na manhã desta sexta-feira, 20, o que se tira é que o partido está realmente dividido entre o governador Mauro Carlesse (PHS) e o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB). Conforme quem participou, a deputada federal Dulce Miranda, por exemplo, não quer nem conversa com Carlesse, mesma posição de seu marido, Marcelo Miranda. No outro extremo, o prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, torce a cara para qualquer possibilidade de ver o MDB com Amastha.
Dulce se decepcionou profundamente com Carlesse desde que ele chegou ao Palácio Araguaia. Contudo, ela apoiou a candidatura dele a presidente da Assembleia Legislativa, e se colocou contra a reeleição do deputado estadual Osires Damaso (PSC), que era o nome preferido do ex-secretário de Infraestrutura e pai de Marcelo, Brito Miranda. Brito acreditava que o ex-presidente garantiria a segurança de que o então governador precisava na condução do legislativo, como tinha feito até então.
Na presidência da Casa, Carlesse e seu grupo declararam independência da AL, que o governo recebeu como uma oposição aberta, como se viu no desengavetamento do pedido de impeachment de Marcelo, que sempre vinha ao debate nos momentos de crise institucional, e na protelação dos pedidos de empréstimo junto à Caixa Econômica e ao Banco do Brasil.
O ex-governador e prefeito de Paraíso, Moisés Avelino, já deixou claro, publicamente, o que pensa sobre Carlos Amastha. Isso ocorreu durante sobre o 3º Encontro do MDB, realizado em Palmas no dia 27 de janeiro. “Para ele [Amastha], no WhatsApp, tudo é bandido. Olha quem está ao redor dele”, recomendou, durante a reunião de janeiro, para emendar em seguida: “Não precisa falar, não”.
Na época, Avelino fez um prognóstico que não se confirmou. Ele previu que Amastha não renunciaria ao mandato de prefeito: “O estrangeiro sai da raia, não se afasta da prefeitura. Vou contar, e não sou adivinhão: vai desistir da candidatura daqui para frente. É só andar no Estado. É só tirar WhatsApp, e o que vem de Palmas? É só tirar essa pinturinha que faz por aí, é festa de Natal, e perguntar: qual é a obra de estrutura que tem em Palmas que foi feita pela prefeitura? Quantas casas construiu? Os esgotos que fizeram aí não foram ele, mas a Saneatins, com dinheiro que não é do município”.
O ex-governador Marcelo Miranda, diante das constantes crises institucionais de seus dois últimos anos de mandato, quer distância de Carlesse. Foi atacado com todos os tipos de crítica por Amastha, mas ainda assim o prefere ao governador.
A bancada estadual também está dividida: dois deputados querem Amastha e dois tendem para o lado de Carlesse.
Assim, afirmam membros do MDB que estiveram na reunião, qualquer decisão é esperada para o dia 5 de agosto, data da convenção, e qualquer que seja vai desagradar um grupo ou outro.