Um total de 1.018.329 de eleitores aptos voltarão às urnas neste domingo, 24, para escolher quem vai governar o Estado no mandato tampão que seguirá até o dia 31 de dezembro. A grande expectativa é sobre o número de abstenções, brancos e nulos, que, no primeiro turno, foi a preferência de 443.414 eleitores — 43,5% do total.
A votação será realizada das 8 às 17 horas em todo o Estado, e os eleitores deverão escolher entre os candidatos das coligações “Governo de Atitude”, Mauro Carlesse (PHS), e da “A Vez dos Tocantinenses”, Vicentinho Alves (PR), quem comandará o Estado até o final do ano, quando passará o bastão para o vencedor das eleições de outubro. A eleição suplementar está ocorrendo em razão da cassação do ex-governador Marcelo Miranda (MDB) e da vice Cláudia Lelis (PV) em março pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Presidente da Assembleia Legislativa, Carlesse assumiu o governo interinamente com a cassação de Marcelo. Ele chegou ao segundo turno com larga margem de frente, um total de 174.275 votos (30,31% dos votos válidos) contra 127.758 para Vicentinho (22,22% dos válidos). O republicano teve que suar numa disputa cabeça a cabeça com o terceiro colocado, o ex-prefeito de Palmas Carlos Amastha (PSB), que terminou com 123.103 votos (21,41% dos válidos).
Senador, Vicentinho era candidato à reeleição, apoiando a pré-candidatura do prefeito de Araguaína, Ronaldo Dimas (sem partido), para as eleições de outubro. Com a cassação, parlamentar vislumbrou a possibilidade de realizar seu grande sonho de chegar ao governo do Estado. Com forte apoio dos prefeitos, o republicano construiu uma candidato de muito volume no primeiro turno, marcada por extensas carreatas, caminhadas e comícios bem movimentados.
Contudo, a larga diferença entre ele e o primeiro colocado do primeiro turno, Carlesse, fez com que dezenas de prefeitos e até o deputado estadual Amélio Cayres (SD) abandonassem sua candidatura para apoiar o governador interino.
Crescimento do “não voto”
O “não voto” no Tocantins vem num crescendo nas últimas eleições. Em 2006, quando os ex-governadores Marcelo Miranda e Siqueira Campos (DEM) disputaram, logo após o rompimento da finada União do Tocantins, o Estado registrou 220.781 abstenções, brancos e nulos, ou 25% do total de 881.786 eleitores.
Marcelo venceu e o Estado se deu, em 2009, com a primeira cassação de governador, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Assumiu o então presidente da Assembleia, Carlos Gaguim (DEM), eleito em seguida, indiretamente, para o mandato tampão.
Em 2010, com os desgastes de duas candidaturas de elevada rejeição — Gaguim x Siqueira Campos —, o “não voto” cresceu 15,5%, saltando dos 220.781 eleitores de 2006 para 254.945, ou 26,87% do total de 948.920 votantes daquele ano.
Com as contas públicas já bastante comprometidas, o quarto governo Siqueira Campos frustra as expectativas, e tem desempenho pífio, quando começam a surgir os primeiros grandes escândalos, que marcariam os anos seguintes, com os prejuízos advindos de investimentos irresponsáveis do Igeprev. As perdas podem ultrapassar a casa do R$ 1 bilhão. Dirigentes do instituto de Previdência dos servidores chegaram a ser presos em operações nacionais.
Em meio a profundo desgaste, o vice-governador João Oliveira e Siqueira Campos, nessa ordem, renunciaram e, mais uma vez, a administração do Estado caiu no colo de um presidente da Assembleia, Sandoval Cardoso (SD), que, como Gaguim, também é efetivado no cargo, em 2014, numa antipática eleição indireta.
No mesmo ano, Marcelo ressurgiu como esperança e venceu as eleições, com nova alta do “não voto” em mais 15,1% sobre as disputas de 2010. De 254.945 eleitores de quatro anos antes, as abstenções, brancos e nulos foram as opções de 293.366 pessoas, ou 29,4% dos 996.887 votantes.