Não é só a imprensa que tem sido alvo do governo Wanderlei Barbosa (Republicanos), cujos secretários têm agido com fúria contra jornalistas, como o caso do titular desta coluna no domingo, 26. As agressões até geraram um artigo indignado do jornalista e editor do jornal O Girassol, Wibergon Estrela Gomes, com o qual concordamos ipsis letteris. Agora é a Frente de Entidades do Agronegócio Tocantinense (Feato) que está sob ataque. O governo do Tocantins trabalha para esvaziar o “Grito do Agro”, que a entidade realizará no dia 20 de fevereiro. A frente quer reunir mais de mil produtores e empresários da cadeia do agronegócio para discutir pautas de interesse do setor.
ELOGIOS AO GOVERNO
Contudo, duas entidades divulgaram nota nesta quarta-feira, 29, para dizer que não mais participar, apesar de estarem desde o início na organização do evento, o que começou no segundo semestre de 2024. Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Tocantins (ADSTO) afirmou em nota que, “após cuidadosa avaliação interna e diálogo com outras entidades”, decidiu não participar do “Grito do Agro”. “Nos últimos dois anos, temos dedicado esforços à construção de um diálogo consistente com o governo, que vem demonstrando compromisso em atender às nossas demandas”, afirma a nota.
ABERTURA QUASE IDÊNTICA
Outra entidade que refugou foi a poderosa Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja). Curiosamente, o texto da nota dela começa quase igual à da ADSTO: “Após uma cuidadosa análise realizada em conjunto pela diretoria da Aprosoja Tocantins, chegamos à decisão de não participar do evento Grito do Agro”, diz. “No período da realização do evento, entendemos que grande parte dos produtores tocantinenses estarão por um momento decisivo em suas lavouras: colheita de soja e plantio da nova cultura de grãos, situação que demanda muito tempo e acompanhamento próximo de quem produz”, concluiu só agora, apesar de estar desde o início entre os organizadores do “Grito”.
TAMBÉM ELOGIA GOVERNO
A Aprosoja afirma ainda compreende que “a principal motivação do evento é promover um alinhamento junto ao governo do Estado para questões que envolvem o setor produtivo, principalmente no que se refere à parte ambiental. Porém, notamos que temos alcançado esse alinhamento e promovido debates constantes acerca dessas pautas de maneira colaborativa e harmônica entre todas as instituições que fazem parte desse processo”, diz.
ENCAMINHADAS POR SECRETÁRIO DE WANDERLEI
Outra curiosidade é que as duas não foram encaminhadas à coluna pelas entidades que as subscrevem, mas por um secretário de Estado. Ao ser questionado sobre o motivo de o governo estar trabalhando para esvaziar o evento da frente, o secretário confirmou: “Se transformou em um evento político. Esse é o problema. Ninguém quer bater palma para maluco dançar”.
MOVIMENTO PROPOSITIVO E PACÍFICO
À Coluna do CT, o presidente da Associação dos Produtores Rurais do Sudoeste do Tocantins (Aproest), Wagno Milhomem, defendeu nessa terça-feira, 28, que a agenda não busca o embate com o Palácio Araguaia, pelo contrário. “Tem setores no governo que estão dando uma interpretação de que é confronto, e não é nada disso. O movimento é propositivo, é pacífico, voltado para contribuir com a gestão pública, no que diz respeito aos atendimentos, principalmente em relação à questão ambiental”, argumenta.
INSEGURANÇA JURÍDICA AUMENTA E SOMENTE DIÁLOGO PODE PROMOVER SOLUÇÕES
Wagno Milhomem ainda faz um apelo para que estes membros do governo deixem de levar esta mensagem de confronto ao Palácio Araguaia. “Que repensem. Não procede”, reforçou. “É um grande ato de valorização do setor produtivo e voltado para melhoria da relação entre produtor, governo e demais organizações. […] A gente espera a compreensão do governo neste momento crítico que estamos passando, onde a insegurança jurídica no campo aumenta a cada dia. Somente através do diálogo, da aproximação maior, é que nós vamos ter condições de promover soluções viáveis para o Tocantins”, acrescentou o presidente da Aproest.