O prefeito de Palmas, Carlos Amastha (PSB), anunciou na noite dessa segunda-feira, 12, a exoneração do diretor de Investimento do Instituto de Previdência Social do Município de Palmas (PreviPalmas), Fábio Martins Costa. Em vídeo publicado nas redes sociais, Amastha fala em “coisa errada”, mas defendeu a aplicação de R$ 30 milhões do PreviPalmas no Fundo Cais Mauá, através da Icla Trust, o novo nome da NSG Capital, a mesma que geria o Fundo BFG, das churrascarias Porcão, e que deu prejuízo de R$ 330 milhões ao Instituto de Gestão Previdenciária do Tocantins (Igeprev). “Não temos nenhum compromisso com coisa errada. Fiquei absolutamente atordoado”, garantiu o prefeito.
Conforme Amastha, o afastamento do ex-diretor do PreviPalmas foi sugerido por um comitê de investimento que ele disse ter pedido para ser formado no PreviPalmas, mas ele contou ter decidido demitir Costa.
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O prefeito ainda afirmou que vai pedir ao presidente da Câmara, José do Lago Folha Filho (PSD), que “abra uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] para apurar se houve crime nisso aí”. “Queremos saber se houve dolo, se houve crime”, afirmou o prefeito. No entanto, um pedido de CPI, com todas as assinaturas necessárias, colhidas pelo vereador Júnior Geo (Pros), repousa sobre a mesa de Folha desde abril do ano passado. No início de fevereiro, durante abertura dos trabalhos legislativos, o presidente chegou a prometer a instalar os trabalhados da comissão, mas ficou apenas na promessa.
Amastha contou no vídeo que, ao ter tomado conhecimento da aplicação, “dentro do limite”, de R$ 30 milhões no Cais Mauá, em Porto Alegre, ligou para o prefeito da capital gaúcha, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), que o teria tranquilizado. “Ele me deixou tranquilo sobre a legalidade e viabilidade. O projeto é maravilhoso e será sucesso”, assegurou Amastha.
Para o prefeito, então, o problema “não está em que foi aplicado”, mas, sim, “no mecanismo usado, a instituição usada, a Icla”. “Essa instituição se juntou aos piores políticos e administradores do Tocantins para roubar o Igeprev”, constatou ele, três meses depois de o PreviPalmas ter feito o investimento temeroso, apesar de há cerca de dois meses imprensa e Tribunal de Contas do Estado (TCE) — que já determinou uma inspeção in loco — estar emitindo alertas de que algo está errado.
De toda forma, Amastha disse que a Administradora de Recursos S/A (Reag) assumiu o investimento da Capital. “Mas, quando foi transferido esse dinheiro a Reag não havia assumido. Acho que faltaram a verdade com os gestores das pastas”, pressupôs.
Todas as medidas
O prefeito garantiu que está tomando “todas as medidas para que esse dinheiro volte para Palmas”. “Esse dinheiro é do nosso funcionalismo. Estamos iniciando negociações. Não acontecendo [vitória nas negociações], procederemos [acionar] judicialmente”, prometeu.
Apesar das incertezas que ele mesmo admite sobre o retorno do dinheiro ao PreviPalmas, Amastha garantiu que o servidor “pode ficar tranquilo”. “Esse dinheiro não corre risco nenhum. O dinheiro está bem aplicado, está seguro, está em fundo, está em saldo, está em conta. Está sendo hoje administrado por um grupo fantástico. Essa Icla que foi usada no início para fazer a aplicação não condiz com as atitudes da administração Amastha. Esse dinheiro é sagrado. E vamos fazer tudo que for possível para tê-lo de volta”, prometeu.
Segundo ele, o secretário de Finanças, Christian Zini, e o procurador-geral do município, Públio Borges, estão em São Paulo para série de reuniões com os investidores para “cumprimento da determinação do prefeito” de reaver o dinheiro. Nessa segunda-feira mesmo, eles tiveram encontro com João Mansur, da Reag, em busca de solução para o caso.
Só bancos oficiais
Questionado pelo procurador do município Antônio Chrysippo de Aguiar, ainda em junho de 2015, Amastha garantiu ao CT na época que só fazia investimentos em bancos oficiais – Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal -, assim, “sem qualquer risco de prejuízos para o servidor”.
Assista a seguir o vídeo do prefeito: