A Polícia Civil concluiu nesta segunda-feira, 28, o inquérito referente a Operação Expurgo, que investiga o depósito irregular de lixo hospitalar em Araguaína e em Wanderlândia. Apontados como figuras centrais do esquema, os advogados João Olinto e Luiz Olinto Rotoli – pai e filho – foram indiciados por associação criminosa e falsidade ideológica, além de crimes ambientais. Outras quatro pessoas e as empresas Sancil, Agromaster, Teruak e Pronorte também foram indiciadas.
O inquérito apresentado à 1ª Vara Criminal de Araguaína foi assinado pelo delegado Romeu Fernandes de Carvalho Filho. No entendimento da Polícia Civil, o patriarca da família Olinto seria “o verdadeiro gestor” da Sancil e Agromaster e atuaria por interposto de outras pessoas. Segundo a investigação, uma série de pontos confirmam a tese. O relatório destaca, por exemplo, o fato de João Olinto já ter participado do quadro societário de ambas empresas no passado.
Apesar de estar fora de ambas as companhias atualmente, o inquérito reforça que João Olinto atua como secretário nas assembleias gerais da Agromaster desde 2012 e ainda emprega o atual diretor-presidente da empresa, José Hamilton, no hotel de propriedade da família. O delegado ainda cita que em três ocasiões o advogado foi citado como proprietário da empresa pelo vigia do galpão da empresa em Araguaína, onde lixo hospitalar foi encontrado. As sócias da Sancil e Teruak, Ludmilla Andrade e Waldireny de Sousa, também são funcionárias de João Olinto no escritório de advocacia do mesmo.
“Para fazer funcionar a empreitada sem que houvesse vinculação direta à família, João Olinto utilizou os nomes de Ludmila, Waldireny e José Hamilton como ‘laranjas’, todos funcionários dos negócios da família, associando-se a eles para fins de praticar crimes ambientais e de falsidade ideológica”, resume o inquérito em relação ao advogado.
Filho de João Olinto, Luiz Rotoli também geria as empresas investigadas. O também advogado é sócio-proprietário da Pronorte, empresa proprietária da Fazenda Caeté de Wanderlândia, onde foi encontrado lixo hospitalar enterrado. Luiz Rotoli ainda atuava como procurador da Agromaster e da Sancil e fazia pagamentos aos “supostos” sócios de ambas as empresas: Ludmila, Waldireny e José Hamilton.
“Assim como seu pai, [Luiz Rotoli] associou-se com os demais investigados para praticar delitos, determinou a coleta, transporte, armazenamento e destinação final de resíduos perigosos em desacordo com a legislação ambiental, e fez funcionar aterro de lixo hospitalar num imóvel rural de forma totalmente irregular”, discorre o inquérito.
Mais indiciados
Outro membro da família também foi indiciado por falsidade ideológica. Filho de João e irmão de Luiz, Rodolfo Olinto teria contribuído para a “empreitada criminosa” ao assinar documentos ideologicamente falsos, declarando, de forma fraudulenta, ter cedido suas cotas sociais da Sancil e da Teruak para as investigadas Ludmila e Waldireny.
Apontada como “principal testa de ferro” da família Olinto, Ludmila Andrade foi indiciada por associação criminosa, falsidade ideológica e fraude processual, bem como pelos crimes ambientais. Os também citados como “laranjas”, Waldireny de Sousa e José Hamilton respondem somente por falsidade ideológica.
Todas as empresas vão responder por crimes ambientais: a Sancil, responsável pelo armazenamento do lixo hospitalar; a Agromaster, proprietária do galpão em Araguaína que depositou parte dos resíduos; Pronorte, dona da fazenda onde foi encontrado lixo enterrado; e a Teruak, de quem era um dos caminhões que fazia o transporte dos resíduos.
Dracma
Pelo fato da Sancil ter sido contratada sem licitação pelo governo estadual para tratar do lixo hospitalar dos hospitais regionais de Araguaína, Porto Nacional e Gurupi, o delegado Romeu Fernandes remeteu cópia do inquérito para a Delegacia de Repressão a Crimes de Maior Potencial contra a Administração Pública (Dracma) para que seja apurado possíveis delitos previstos na Lei de Licitações.
Prerrogativa de função
Filho de João Olinto, o deputado estadual Olyntho Neto (PSDB) será objeto de outro inquérito policial por se tratar de autoridade com foro por prerrogativa de função, procedimento que será comunicado ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). O parlamentar tinha como assessores um procurador da Sancil e um empregado da Olinto Advocacia, arrendou a Fazenda Caeté da Pronorte e é sócio da Luon Participações, que é acionista da Pronorte.
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