A agropecuária iniciou o ano de 2020 com nova mudança no cenário econômico: a queda no preço da arroba do boi. Só no Tocantins, segundo a última cotação da Scot Consultoria, o valor à vista na região Norte é de R$ 173,50 e de R$ 172,50 na região Sul. A retração indica um panorama próximo ao do equilíbrio no mercado entre a oferta e a procura. Porém, no agronegócio, o momento ainda é de cautela para tirar os planos da gaveta e fazer grandes investimentos como, por exemplo, em modernização.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, só no mês de dezembro do ano passado a arroba do boi gordo registrou queda média de 15%, recuo esse que interrompe a alta de 28,5% registrada nos últimos meses no Brasil.
[bs-quote quote=”Com o custo de produção maior do que o preço da arroba, a cautela é a melhor estratégia para que todo desembolso se constitua em investimento” style=”default” align=”right” author_name=”BRENNO AYRES” author_job=”É produtor rural e advogado” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2019/12/Brenno-Ayres-180_1.jpg”][/bs-quote]
O consumidor, que sobreviveu ao segundo semestre de 2019 penalizado com a alta do preço da carne bovina, deve sentir no bolso a diferença. A alcatra, por exemplo, é a que teve maior desvalorização nos primeiros dias de 2020, com diminuição de 4,5%. Apesar de ser uma leve alteração, já é um começo na redução da inflação que, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) fechou o ano passado em 4,31%, tendo a carne como a grande vilã em razão da alta do preço de 32,40%.
Do lado da demanda externa, o foco ainda continua sendo a China. Em 2019, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) registrou 1,8 milhão de toneladas de exportação de carne bovina in natura, um recorde que esteve diretamente ligado à grande demanda do país por proteína animal em razão da gripe suína. Para 2020, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) estima que as exportações tendam a aumentar entre 3% e 6% para até 4,5 milhões de toneladas.
No agronegócio precisamos estar preparados para custos com a aquisição de animais, insumos, medicamentos, entre outros. Um levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que considerou cria, recria e engorda, mostrou que o custo de produção da bovinocultura de corte subiu 8,5% em 2019. Por isso, diante desse novo panorama, com o custo de produção maior do que o preço da arroba, a cautela é a melhor estratégia para que todo desembolso se constitua em investimento.
De acordo com especialistas, nesse começo de ano a oferta está escassa em razão da falta de boi gordo no mercado. No entanto, ainda estamos otimistas. Como empresário orgulhoso da pecuária, creio que devemos tirar o máximo de proveito desse período das águas para potencializar o ganho de peso dos animais através de uma suplementação adequada e de qualidade. O momento também é favorável para definirmos metas produtivas a serem alcançadas, por meio de um planejamento criterioso, enquanto aguardarmos um cenário melhor para negociarmos e apostarmos em grandes investimentos.
Vale destacar que a previsão dada por analistas é de que a arroba do boi suba nos próximos meses, após o período de festividades, e devolva aos produtores rurais a esperança de rentabilidade do segmento. Muitos já dão como certo o ano de 2020 com muitos resultados positivos para toda cadeia produtiva da carne e a continuidade no ritmo das exportações como, por exemplo, para a China que poderá, ainda, ser protagonista e habilitar mais plantas frigoríficas fazendo com que a demanda aumente expressivamente.
Conforme as consultorias de mercado, o País deve voltar a comprar a partir do mês que vem. Isso nos traz grande expectativa, de maneira que continuemos a acreditar no nosso potencial e força diante dos mercados, pois, se esse volume de saídas for atingido e o consumo interno aumentar, o preço da arroba também aumentará e teremos mais um ano recorde em volume de vendas e faturamento.
Confio em um agronegócio pujante de modo que possa continuar contribuindo com o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) do Tocantins, do Brasil e, consequentemente, com o desenvolvimento de ambos.
BRENNO AYRES
É produtor rural e advogado
brennoayres@bol.com.br