Estimados leitores e leitoras! Como vocês estão? Preocupados com os escândalos de corrupção no Brasil e aqui no nosso Tocantins? Isto é reflexo da Constituição de 1988 e do fortalecimento da democracia. A liberdade de expressão, as redes sociais, as garantias constitucionais dos ministérios públicos, o respeito aos limites de cada poder constituído e a mobilização social produzem um efeito devastador na vida de políticos e empresários. O Brasil esta mudando na velocidade em que seu povo clama por justiça e direitos. Está tudo certo.
A história econômica do Brasil, desde o ano de 1970, nos mostra que a economia brasileira, como já havia falado em outro artigo, é como se fosse um voo de galinha. A década de 70 foi chamada de “década do milagre econômico”, porque o país crescia rapidamente, em 1973 PIB cresceu 14%, sustentado por empréstimos internacionais. Os programas de desenvolvimento regionais financiados por esses empréstimos internacionais e executados pelas Superintendências de Desenvolvimento Regional (SUDAM, SUDECO, SUDESUL, SERSE E SUDENE) e participação do Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e o Banco Nacional da Habitação mudaram a cara do brasil. Mas isto custou caro ao povo brasileiro e refletiu na década de 80.
[bs-quote quote=”Com a inflação controlada, os juros baixos, e o câmbio estável, isto faz com que a confiança dos empresários aumente e eles passam a investir” style=”default” align=”left” color=”#ffffff” author_name=”Tadeu Zerbini” author_job=”É economista, professor e consultor” author_avatar=”https://clebertoledo.com.br/wp-content/uploads/2018/02/TadeuZerbini60.jpg”][/bs-quote]
A década de 80, chamada de “a década perdida” foi marcada pelos planos econômicos, inflação fora de controle e taxas de cambio em patamares inimagináveis. Economicamente, o Brasil ficou endividado acima da sua capacidade de pagamento e aí ficou na mão do FMI. Mas, politicamente, foi uma década importante para a retomada da democracia brasileira.
A década de 90 iniciou muito mal com o Governo Collor confiscando a poupança dos brasileiros. Tivemos eleições diretas, mas com resultados catastróficos. Com a queda do Collor e a posse de Itamar Franco, foi implantado o Plano Real e a partir daí, o povo teve um pouco de sossego. A inflação foi controlada, o cambio controlado e o real valorizado. Foi uma década estável.
A década de 2000 proporcionou uma qualidade de vida razoável para os brasileiros, no ano de 2007 o PIB do país chegou a crescer 6,1%. Formou-se o BRICs, sigla que representava o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia e China e mais tarde com a África do sul. Países chamados de emergentes e com grande potencial de investimento. Nunca mais ouvimos falar no Brics. O consumo das famílias foi estimulado. Crediários facilitados, carros e motos vendidos com o pagamento a perder de vista e nível de emprego excelente. O povo consumiu seu futuro e o crescimento do país se deu nas costas dos mais pobres.
Nesta década que estamos vivendo e que está chegando ao seu final, o Brasil atravessou momentos angustiantes. O preço do petróleo caiu mais de 50% no mercado internacional e os principais investimentos estratégicos do país foram no pré-sal. O preço do aço despencou. Os Estados que recebiam excelentes Royalties do petróleo e do minério de ferro passaram a se endividar. A situação do Rio de Janeiro é um bom exemplo. A saída da Presidente da República, a Operação Lava Jato e tantas outras, a inflação descontrolada, a taxa de juros alta, o desemprego batendo recordes, o PIB negativo e o descontrole fiscal do Governo Federal jogou o Brasil em um abismo econômico e político.
Mas, o que esperar agora?
Este é um ano político. Os Estados e a União tem que, ao menos, tentar obedecer a Lei de Responsabilidade Fiscal e fechar o ano com equilíbrio financeiro. Normalmente, em época de eleições os governos mostram resultados. Obras são inauguradas, planos são elaborados e promessas são feitas.
O Congresso Nacional não fez seu dever de casa e não aprovou a reforma de Previdência, que pouca diferença financeira faria neste primeiro momento, mas que mostraria aos investidores a preocupação em se colocar o país no rumo certo. As isenções fiscais, as bancadas irresponsáveis do congresso e a falta de pressão popular para fazer os projetos de interesse do país avançarem, nos deixam ainda mais longe do mundo desenvolvido. Voltamos a ser um país em processo de desenvolvimento, com grandes desigualdades sociais. Um elevado índice de brasileiros analfabetos, analfabetos funcionais e de analfabetos políticos faz com que as mudanças sejam lentas ou nulas.
Mesmo que não tenha feito as reformar fiscais necessárias, hoje o país está equilibrado economicamente. Com a inflação controlada, os juros baixos, e o câmbio estável, isto faz com que a confiança dos empresários aumente e eles passam a investir. O setor de embalagens demonstra isto. A indústria automobilística, mesmo com o engasgo no mês de fevereiro, voltou a crescer. A balança comercial melhorou. O consumo diminuiu. A taxa de desemprego desacelerou. O PIB voltou a crescer e deve chegar aos 3% este ano. 2019 é que será o ano decisivo para o futuro do país.
Com isto, o Brasil está pronto para iniciar um novo voo. Está taxiando. Não sei ainda dizer se será um voo de galinha ou um voo de águia. Mas se for de “periquito” já vai estar bom.
TADEU ZERBINI
É economista, especialista em Gestão Pública, professor e consultor
ctzl@uol.com.br