Nunca antes na história do Brasil uma combinação foi tão inflamável: combustível, dólar e inflação. Os combustíveis em particular, a gasolina e o diesel, são indexados pelo preço internacional, sobre o qual, prefixado em dólar, não temos controle algum. Todos os nossos produtos são transportados por rodovia e, subindo o preço do diesel, sobe o das mercadorias, por efeito cascata.
Com a greve dos caminhoneiros, tudo indica que o diesel vai ser subsidiado pelo governo federal, para ter valores menores. Mas é importante informar que no fim das contas quem pagará este subsídio será toda a população, sem exceção. Esta conta não será bancada por novos impostos como tradicionalmente se faz, mas deverá, sim, ocorrer a retirada de investimentos ou benefícios em saúde, educação cultura, ou em qualquer área onde seja possível. As consequências ficarão para o próximo governo.
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Mas a gasolina não terá benefício algum do ponto de vista de preço. O valor integral dela continuará sendo repassado, sem qualquer subsídio do governo. Em suma, a maioria da população continua pagando o pato. Importante notar que não é possível uma previsão mais pontual sobre o dólar no Brasil, porque a moeda americana está subindo no mundo, por questões de ordem internacional, principalmente motivado pelo aumento de juros nos Estados Unidos.
O aumento do dólar no Brasil, além dos combustíveis, eleva os preços de todos os produtos que consumimos internamente oriundos do exterior, que são muitos. Isso afeta toda a população de baixa renda até a classe média, como exemplo emblemático, citamos o trigo, que todos consomem através dos pães.
Por fim, para fecharmos com chave de ouro, tudo isto impactará na inflação através de aumento de generalizado de preços, reduzindo o poder de compra da população. Para comprovar minha tese, a prévia da inflação de maio subiu 0,4%, acumulado no ano de 1,33%, acumulado em 12 meses 2,86%.
A gasolina representou um alto impacto (mais de um terço) com um percentual de 0,15% para gasolina e 0,12% para energia elétrica e outros, 0,13%.
A inflação deve ter mais aumento nos meses subsequentes se o preço do petróleo continuar subindo, juntamente com o dólar, o que, no atual cenário, é bem provável que ocorra. Infelizmente, sobre estas duas variáveis, o governo federal tem poucas armas para combater de forma eficaz. Vai depender muito do fator sorte.
MARCELLO LEONARDI BEZERRA
É professor e economista
E-mail marcellolb@terra.com.br